A torcida do Lanús transformou as praças da cidade em um estádio de futebol. Centenas de fãs fizeram festa, tocaram bumbos, sentaram em muros e cantaram, enquanto assistiam à final contra o Grêmio em telões disponibilizados pela prefeitura local.
O sentimento de frustração preponderou durante alguns minutos após o gol gremista, marcado por Cícero. Ao final do jogo, porém, o clima foi de alegria. Relembrando as viradas sobre San Lorenzo e River Plate, os torcedores foram embora para as suas casas vibrando e cantando, com fé em uma virada no jogo da volta em La Fortaleza, na proxima quarta (29).
Os argentinos assistiram ao jogo em três locais diferentes da cidade. Quase mil pessoas se acomodaram em duas praças da cidade. Ao mesmo tempo, aproximadamente 120 pessoas viram a partida no restaurante do clube, ao lado da sede social.
Na Praça Auyero, o maior dos locais, centenas de fãs do Lanús tentavam abafar o som do cantor Michel Teló, com cânticos e assovios, pouco mais de uma hora antes do apito inicial. Nesta hora, apareceu até um colorado. Ou melhor, um pequeno torcedor do Lanús, Julián, 12 anos, fardado com uma camiseta do Inter.
— Ganhei de presente de um amigo que foi ao Brasil — explicou à reportagem de GaúchaZH.
No restaurante, os fãs do Lanús mostraram pouca empolgação no início da partida, dando mais atenção às parrillas que ao jogo. A partir dos 30 minutos, quando o jogo ganhou em emoção, o público rasgou o protocolo gastronômico e começou finalmente a se comportar como se estivesse em um estádio.
As deixas para a massa começar a cantar vieram aos 33 e aos 39 minutos, quando o goleiro Marcelo Grohe teve que fazer grandes defesas após conclusões de Martínez e Braghieri.
— Achei o Lanús com boa intenção ofensiva Quase fez duas vezes. Mas o Grêmio é um rival difícil — disse o torcedor Hernán Peralta, 35 anos, no intervalo do jogo
— Me parece um jogo em que os dois times estão com medo. O empate serve aos dois. O jogo-chave será aqui em Lanús _ completou o colega Ariel Pasayo, 33 anos.
Pouco antes do segundo tempo, a reportagem se mudou para a Praça Auyero, onde o ambiente era diferente. Bem mais animado. Cerca de 600 a 700 pessoas vibravam como se estivessem no La Fortaleza. Com bumbos, a banda da torcida não parava de animar a "hinchada" grená. Algumas dezenas de torcedores se acomodaram nos muros do Parque Eva Perón, que fica ao lado, para ter uma visão melhor do telão.
Apesar da empolgação, foi possivel perceber a aflição no semblante dos torcedores a cada chance do Grêmio. Nos minutos finais do jogo, já era possível perceber que qualquer argentino presente, tanto no restaurante como nas praças, assinaria o empate na hora. Mas eles não contavam com o gol de Cícero, aos 37, um verdadeiro balde de água fria, que silenciou pelo menos a maior parte dos argentinos, que não esconderam a frustração.
Quando o árbitro Júlio Bascuñan apitou o final da partida, no entanto, o clima de festa reapaereceu. Como se repentinamente percebessem que a desvantagem não era tão grande assim, e que o Lanús já reverteu placares maiores, a torcida terminou a partida cantando e festejando. O discurso era de fé em uma virada na partida de volta, em La Fortaleza.
— Vamos fazer o que fizemos com River. Lembra do River? O que se passou lá? Tu te lembra? Hein? Isso é Lanús! — berrou o exaltado Marcos Pereira, 39 anos, ao identificar o repórter brasileiro.
— Vamos fazer 3 a 0 aqui em Lanús — bradava a confianre torcedora Nancy Saracho, 50 anos.
Os "hinchas" do Lanus foram para casa com fé na virada e no título da Libertadores no dia 29.