Respeito. O 10º dos 11 valores promovidos pela União das Associações Europeias de Futebol (Uefa, na sigla em inglês), estampado inclusive na manga das camisetas dos jogadores, é infringido seguidamente por torcedores no Velho Continente. No texto, a Uefa anuncia "zero tolerância com o racismo". Apesar das campanhas, a discriminação racial não é punida com rigor. No artigo 14 do Regulamento Disciplinar da entidade, a perda de pontos e a desclassificação da competição são consideradas apenas na terceira vez em que há a infração.
Na Eurocopa de 2012, sediada por Polônia e Ucrânia, torcedores de Rússia e Espanha insultaram jogadores da República Checa e da Itália, respectivamente, e as federações locais receberam apenas multas: a russa de 30 mil euros, enquanto a espanhola, de 20 mil euros. Em outubro passado, os jogadores negros do Manchester City foram insultados - por gritos que imitavam macacos - por fãs do CSKA, em partida válida pela Liga dos Campeões. Em 10 dias, o Corpo de Controle e Disciplina da Uefa anunciou a "severa" punição: um jogo com parte (um setor) das arquibancadas fechada.
Irritado com a leniência das sanções em casos de racismo, Yaya Toure, volante da Costa do Marfim e do clube inglês, avisou: se as entidades que comandam o futebol não tomarem providências, promete liderar um boicote de atletas negros na Copa do Mundo de 2018, na Rússia.