
Fernando tocou na bola 90 vezes no Gre-Nal 447, 1 a 1 na Arena. Ninguém esteve mais com ela do que ele. Que trata tão bem a protagonista do esporte. Que dá 63 passes certos e três lançamentos teleguiados. Que recupera a bola 11 vezes nos 108 minutos de clássico. E faz tudo isso sem nem sequer cometer uma falta, pelos dados do Sofascore.
Até atacante ele foi. Teve duas finalizações, uma delas na cara de Volpi, que fez grande defesa em uma cabeçada da direita. A outra, dividida, ficou mais fácil para o goleiro. Sua imposição na área é uma arma que já foi usada em clássico.
É que Fernando já foi zagueiro-zagueiro em Gre-Nal, no ano passado. Foi uma espécie de segundo volante em outra oportunidade. Na decisão do Gauchão, foi volante-zagueiro. O responsável por mexer no sistema tático sem precisar mexer em nomes. Neste sábado, teve a cabeça no lugar que pareceu faltar ao time e comandar a reação do segundo tempo, que levou ao 1 a 1. O resultado manteve a invencibilidade do goiano em clássicos, são seis jogos, três vitórias e três empates.
Fernando honra a história da camisa 5 do Inter, aquela de Paulo Roberto Falcão. Movimenta-se com a elegância e a intensidade que marcou o maior jogador a usá-la. Ganha duelos, posiciona-se, capricha nas decisões e nos passes. Sabe o que se passa em campo, exatamente como faz o Rei de Roma. Prova disso foi a análise após o jogo:
— Começamos mal, eles estavam empolgados pelas mudanças que tiveram na semana. E demoramos para equilibrar isso. O jogo sem controle era melhor para o Grêmio. No segundo tempo, trouxemos para o nosso ritmo e igualamos.
É uma pena o tempo passar para Fernando. O goiano que chegou ao Inter no ano passado entendeu mais do que todos o Gre-Nal. Talvez por ter conhecido já as rivalidades de Manchester, Sevilha, Porto e Istambul, trata o grande duelo do Rio Grande do Sul como se fosse um jogo normal. Não no sentido de não se dedicar a ele, porque é o exato oposto, Fernando tem crescido em todos os jogos grandes. Mas para o camisa 5, o clássico é um jogo em que se pode arriscar, tentar, jogar para a frente. Não precisa simplificar tudo, isolar a bola, dar de bico. Na verdade, talvez nem saiba onde é o bico.