A vitória do Inter por 1 a 0 diante do Bolívar, dando vantagem ao Colorado nas quartas de final da Libertadores, foi tratada pelos personagens presentes em La Paz como um êxito perfeito da execução da estratégia montada por Eduardo Coudet. No entanto, apesar de se tratar de um resultado histórico (primeira vitória da equipe na capital boliviana) e da empolgação de torcedores, a vantagem mínima na eliminatória também é tratada com muita cautela.
O maior sufoco foi resistir aos cruzamentos do Bolívar. Foram inacreditáveis 55 bolas alçadas à área — 15 delas em escanteio — que deram um árduo trabalho para os três zagueiros e para Rochet. A sobrevivência na Bolívia passou por defesas do goleiro, bolas na trave e também falta de pontaria dos atacantes celestes. Obviamente, também pelo gol da vitória, em uma tacada de sinuca de Valencia no canto direito de Carlos Lampe.
O Bolívar estava invicto na Libertadores atuando no Hernando Siles. E, este fato, somado às dificuldades de atuar nos 3,6 mil metros de La Paz, transformou a desconfiança do torcedor colorado em um otimismo de confirmação da classificação para as semifinais. Para os jogadores do Inter, porém, ainda é necessário cautela.
— Graças a Deus, pude marcar e serviu para a equipe ganhar. Foram os 90 minutos. Agora tem os outros 90 em Porto Alegre. Temos de estar concentrados e esperar a partida da volta — comentou Valencia.
— A equipe fez um sacrifício gigante e conseguimos, mas ainda restam 90 minutos muito difíceis. Eles também jogam bem fora de casa — ponderou Sérgio Rochet.
O uruguaio, aliás, operou mais um milagre em La Paz. Depois das grandes defesas no Monumental de Nuñez e a personalidade para cobrar o pênalti decisivo diante do River Plate, Rochet foi um dos principais nomes diante do Bolívar. Aos 10 minutos, em uma finalização com movimento atípico, ele evitou o que seria a abertura do placar dos rivais.
— Toda a bola que vem para a área, aqui, é muito difícil. Nessas horas vale destacar as táticas que formamos com a comissão técnica para receber esses chutes — explicou o goleiro.
Para Eduardo Coudet, o mérito da vitória foi dos jogadores, que executaram com perfeição seu plano para a partida. O técnico colorado afirmou que observou muitos jogos de Bolívar e The Strongest até decidir pela forma de encarar o jogo no Estádio Hernando Siles. Os treinamentos, porém, foram poucos.
— O mérito é dos jogadores. Olhamos muitos jogos e fizemos uma estratégia para tentar sofrer o menos possível. Jogar curto, sem dar espaços, e sair em contra-ataque. Depois tentar jogar quando tivéssemos a bola. E jogadores como Enner, Alan (Patrick) e Wanderson, para conseguir sair — afirmou Coudet, que completou:
— Os jogadores fizeram tudo com perfeição.
Perfeição para fazer a bola chegar em Enner Valencia, o único que não recebeu a missão de recuar e marcar. Ele tinha de ficar no ataque, segurando os zagueiros do Bolívar para enfrentá-los nos contra-ataques e assim se fez.
— Enner tinha que ficar no ataque, pois Bolívar joga muitas vezes em um contra um. Ele é o homem que tem oxigênio para arrancadas. Conseguiu uma e uma segunda na etapa final, mas a bola escapou. É um grande jogador e esperamos muito dele — explicou Coudet, que viu novamente o atacante equatoriano ser decisivo em uma vitória colorada.
Com a vantagem do 1 a 0 conquistada na Bolívia, o Inter poderá até empatar o jogo da volta que estará classificado para a fase semifinal da Libertadores.