Foram apenas três sessões de treinamentos, mas Eduardo Coudet já mostrou algumas mudanças significativas no Inter no empate sem gols com o Bragantino, domingo (23), em Bragança Paulista. Do sistema tático ao comportamento dos jogadores na ação defensiva, o Colorado apresentou diferenças em relação ao time de Mano Menezes.
Coudet impôs na estreia seu sistema tático preferido. O Inter, assim, saiu do 4-2-3-1 para o 4-1-3-2, tendo como principal novidade o posicionamento de Alan Patrick. O camisa 10 foi atacante ao lado de Enner Valencia. O argentino também adaptou Wanderson a atuar na linha de três meias, que teve ainda Aránguiz (centralizado) e De Pena (direita).
Quando o Inter recuava as linhas, Aránguiz tinha a função de se alinhar a Johnny para o Inter defender em 4-4-2, mas a ideia principal era de adiantar a marcação. Assim, o Colorado conseguiu complicar a saída do Bragantino em alguns momentos.
Essa foi uma mudança em relação ao que o Inter vinha fazendo com Mano Menezes, que optava por uma marcação com linhas mais baixas. Mano também adotava uma marcação com os jogadores sendo menos ativos para pressionar o adversário. Com Coudet, a ideia do Inter foi de uma maior pressão no portador da bola.
Com posse, o Inter no primeiro tempo não teve Johnny entre os zagueiros para a saída de três. A iniciação das jogadas era feita com Bustos tendo liberdade para avançar pela direita, já que De Pena fazia um movimento diagonal.
Na esquerda, Renê iniciava mais recuado tendo Wanderson e Valencia se revezando em cair pelo lado. Mas o camisa 6 também teve uma participação ofensiva aberto, diferente do que fazia com Mano, quando era um lateral construtor, aparecendo mais pela faixa central do campo.
A ideia mais ofensiva de Coudet fez o Inter finalizar seis vezes no primeiro tempo. O Colorado teve mais chutes a gol em uma primeira etapa apenas uma vez neste Brasileirão, no Gre-Nal, quando finalizou nove vezes. Ainda assim, o time gaúcho finalizou menos do que o Bragantino, que teve nove chutes nos primeiros 45 minutos.
Mudança no intervalo
O Inter voltou com os mesmos 11, mas com mudanças no posicionamento da equipe. No segundo tempo, Johnny recuou para fazer a saída junto aos zagueiros, o que liberou Renê para ser um lateral ainda mais apoiador, gerando amplitude pela esquerda.
Com isso, Wanderson saiu da esquerda para se aproximar de Enner Valencia, e Alan Patrick ganhou liberdade para recuar para armar. O camisa 10, porém, era preservado na fase defensiva, podendo seguir adiantado. O Inter seguia se defendendo com duas linha de quatro, com Wanderson voltando pela esquerda. Isso exigiu bastante fisicamente do camisa 11.
Coudet explicou depois da partida que não gostou da forma como o Inter saiu jogando no primeiro tempo, quando abusou de bolas longas. Por isso, mexeu nessa estrutura para a equipe ganhar maior capacidade para trocar passes e reter a posse.
— Quero ter mais jogo, uma melhor saída. Melhoramos a saída de bola no segundo tempo. Temos de assumir mais riscos, isso gera mais trabalho para sair com a bola limpa. Tivemos boas jogadas que saíram de trás. Fizemos 355 passes e meu time não pode fazer menos de 500. Eu quero ter mais a bola, não pelo dado, mas quero. No Atlético tínhamos, mas com seis meses de trabalho. Quando tiver trabalho, vocês poderão cobrar se não tiver posse nem passes — declarou.
O Inter iniciou melhor o segundo tempo dentro dessa ideia, o que levou Pedro Caixinha a mexer no Bragantino. Aos 13 minutos, o centroavante Thiago Borbas e o meia Bruninho entraram nos lugares do volante Matheus Fernandes e do atacante Sorriso. Com Borbas próximo a Sasha, os paulistas reagiram e, aos poucos, foram assumindo o controle do jogo.
Coudet mandou Matheus Dias e Campanharo a campo nas vagas de De Pena e Aránguiz para renovar o fôlego. Isso foi insuficiente para recuperar o controle da partida. Matheus Dias não se encontrou aberto pelo lado direito e Campanharo pouco acrescentou por dentro.
O Bragantino, assim, teve 11 finalizações na segunda etapa, contra cinco do Inter. Cada equipe acertou três bolas no alvo.
Com apenas três treinamentos — sendo que o de véspera de jogo no sábado permite apenas trabalhos leves —, não podia se esperar um Inter completamente mudado contra o Bragantino. Mas as primeiras medidas deixaram clara a ideia de Coudet de ter um time que fique mais com a bola e seja agressivo na hora de marcar. Agora serão cinco sessões de treinos antes do confronto com o Cuiabá, sábado (29), no Beira-Rio. No seu reencontro com a torcida, Chacho tentará mostrar um Inter que consiga sustentar por mais tempo suas ideias.