Será mais do que uma rodada final de primeira fase do Gauchão o jogo entre Inter e Esportivo, marcado para 16h30min deste sábado. E também vai valer mais do que confirmar o segundo lugar e jogar em casa a partida de volta da semifinal. Para os Souza da Silva, a partida será o reencontro do filho ilustre com o lugar preferido na cidade. Depois de 16 anos, Luiz Adriano estará de volta ao Beira-Rio.
Da arquibancada, de onde nunca deixaram de ir, mesmo quando ele não estava aqui, seus familiares estarão aplaudindo o tão aguardado retorno. A expectativa pelo jogo é grande, e eles já garantiram os lugares na inferior.
— Para a nossa família, é uma alegria enorme vê-lo voltando a jogar no Beira-Rio. O pai sempre nos levou aos jogos do Inter muito antes de o Luiz jogar, então nossa identificação colorada é muito grande, desde os tempos da coreia — disse Murilo Souza, irmão de Luiz Adriano.
A curiosidade é que o centroavante colorado recém fará seu oitavo jogo no Beira-Rio. Trata-se de um caso de um atleta que entrou para a história do Inter tendo atuado menos de 20 vezes como profissional. Foi uma ascensão meteórica. De reserva de um time de suplentes do Inter em janeiro, na estreia do Gauchão, diante do Gaúcho de Passo Fundo, quando fez seu primeiro jogo (e também seu primeiro e único gol no estádio) ao título mundial em Yokohama, Luiz Adriano só jogou seis vezes em casa. Em 2007, após a conquista, despediu-se em um confronto com o Veranópolis.
Sua estreia se deu com um time inicialmente reserva do Inter. Mas já constavam nomes que ganharam lugar ao longo da temporada, como Ceará, Bolívar, Fabiano Eller, Rubens Cardoso, Fabinho e Iarley, além de Perdigão e Michel, reservas que costumavam entrar nos jogos. Luiz Adriano entrou no lugar de Michel aos 17 minutos do segundo tempo e, aos 41, fez o terceiro gol do 3 a 1. Daquele time, o centroavante é o último remanescente no futebol profissional. Todos os demais já penduraram as chuteiras.
Por mais que tenha sido marcante e de ter sido a única vez que balançou as redes, a maior lembrança de Luiz Adriano no Beira-Rio não foi em jogo. Ela está em 19 de dezembro de 2006. Dois dias depois de participar do gol de Gabiru que deu o título em cima do Barcelona, o centroavante foi ovacionado em seu retorno ao estádio. A delegação foi recebida por centenas de milhares de torcedores nas ruas e culminou com uma grande festa no estádio.
Presidente do clube naquela conquista, Fernando Carvalho sempre foi um entusiasta de Luiz Adriano. Mesmo quando os holofotes estavam em Alexandre Pato, o dirigente pedia atenção ao guri.
— Ele era um atacante de lado, rápido, que entrava em diagonal para o meio, assistente, mas também artilheiro. Agora etá mais posicionado pelo meio, jogando de costas, fazendo parede para quem vem de trás, com antecipações aos zagueiros nos cruzamentos laterais. Vai ajudar muito — reforça Carvalho.
Adriano Luiz, o folclórico pai do centroavante, concorda e não se contém:
— Estou ansioso para ver ele vestir a camisa vermelha no Beira-Rio.
Abel Braga reforçou o recado:
— Fico muito feliz por esse jogo não só pela brilhante carreira que ainda tem, mas também pelo que representa essa reestreia. Ele despontou para o futebol naquele Mundial, por mérito próprio. É um rapaz extraordinário, tenho um carinho enorme por ele. Fico ainda mais feliz por ele reestrear no clube que nunca saiu do coração dele — disse um emocionado Abel Braga.
Possivelmente as 15 mil pessoas esperadas para ocupar as arquibancadas neste sábado tenham a mesma expectativa. Mais até do que para ver o jogo ou confirmar o segundo lugar.
Luiz Adriano no Beira-Rio
2006
- 19/1 — Inter 3x1 Gaúcho (um gol)
- 27/8 — Inter 1x2 Vasco
- 10/9 — Inter 2x0 Athletico-PR
- 24/9 — Inter 1x1 Corinthians
- 8/11 — Inter 0x0 Santos
2/12 — Inter 1x4 Goiás
2007
- 24/2 — Inter 2x1 Veranópolis
