De novo, não dá para reclamar da sorte. O adversário do Inter nas oitavas de final da Libertadores será o único adversário que o time de Miguel Ángel Ramírez enfrentou mais de uma vez em 2021 e venceu todas. O Olimpia, que se classificou no mesmo grupo colorado graças a uma goleada histórica no último jogo (6 a 2 sobre o Táchira), é o próximo oponente. Quem avançar terá pelo caminho Flamengo ou Defensa Y Justicia. Fecham esse lado da chave Vélez x Barcelona e Cerro Porteño x Fluminense.
Em Luque, mais precisamente na sede da Conmebol, à medida que os papéis saíam de dentro das bolinhas dos dois potes de classificados, crescia expectativa sobre qual seria o adversário do Inter. Primeiro lugar em sua chave, havia pelo caminho potências como São Paulo e River Plate, grife como o Boca Juniors, surpresa como o Defensa y Justicia, pedreira como o Vélez. Era consenso que Olimpia, Cerro Porteño e Universidad Católica seriam caminhos mais acessíveis.
A explicação matemática deixa ainda mais interessante. Antes de o sorteio começar, havia 63% de chance de se pegar um oponente indesejado. Ocorre que o Inter foi o último time a ser sorteado, então viu o "percentual de dificuldade" oscilar a cada nome. E isso durou até o penúltimo papelzinho. Quando todos foram sorteados, haviam sobrado River Plate e Olimpia. Ou seja, até o momento derradeiro, ainda havia 50% de chances de cair com alguém que não se gostaria.
Mas veio o Olimpia. Na primeira fase, os paraguaios levaram a maior goleada do Inter em todos os tempos de Libertadores, 6 a 1, e perderam também em casa. Apesar disso, como não poderia ser diferente, o discurso colorado é de cautela.
— É um adversário de tradição, tricampeão da América, que já nos conhece e nos enfrentou na fase de grupos. Todo jogo é complicado em Libertadores. É uma nova fase, tudo zerado. Agora é mata-mata, o que passou, passou. Respeitamos demais o Olimpia — afirmou o vice de futebol João Patricio Herrmann.
De fato, o Olimpia deve ser outro time com relação ao da primeira fase. O presidente do clube, Miguel Brunotte, convocou uma entrevista coletiva e informou que o time passará por mudanças. Pelo menos 10 jogadores devem ser desligados e novas contratações só ocorrerão, segundo o dirigente, se não houver reposição nas categorias de base. A ordem é enxugar a folha salarial, considerada alta, e tentar recuperar as finanças, já que o clube tem uma dívida superior a US$ 30 milhões (cerca de R$ 155 milhões).
— Pode ser que os resultados esportivos não sejam positivos, mas vamos dar oportunidades aos jovens. Vamos ter paciência. Prefiro aguentar as críticas por não conseguir corresponder dentro do campo do que não passar por essas mudanças — declarou o presidente.
O zagueiro Alan Benítez deve ser o primeiro a sair. Ele tem propostas, que devem ser aceitas nos próximos dias. Independentemente de negociações, o também zagueiro Otálvaro não poderá jogar porque foi expulso na última partida. O técnico Sergio Órteman está mantido no cargo.
Atualmente, portanto, é praticamente dar um panorama do adversário do Inter, já que o confronto é apenas na metade de julho. Mas a menos que algo extraordinário ocorra, não é exagero dizer que o adversário da primeira fase pode estar mais fraco no próximo confronto.
O que os colorados não esquecem, porém, é que se trata de uma chance de curar um trauma. Uma das derrotas mais sofridas da história do Inter foi justamente para o Olimpia, em 1989. Curiosamente, é a única vitória dos paraguaios em seis confrontos.
Naquela semifinal de Libertadores, o time de Abel Braga havia vencido o jogo de ida por 1 a 0 em Assunção, mas em Porto Alegre perdeu por 3 a 2 no tempo normal (com direito a pênalti perdido por Nilson) e caiu na decisão das penalidades. O mundo da bola girou até colocá-los frente a frente mais uma vez.