A vida do Inter sem Guerrero começa a partir das 20h30min desta quarta-feira (19). No Beira-Rio, diante do Atlético-GO, o técnico Eduardo Coudet começa a missão de montar o ataque do time sem seu principal jogador. Os indícios iniciais apontam para William Pottker ser o primeiro a receber a chance como centroavamte, para formar dupla com Thiago Galhardo.
O clube considera como atacantes quatro profissionais, ao menos segundo seu site: Guerrero, Yuri Alberto, Pottker e Guilherme Pato. Além deles, há as adaptações, como o próprio Galhardo, e também Peglow, que é um jogador ofensivo, mas com outras características (mais semelhantes às de Guilherme Pato). Até D'Alessandro já foi usado por Coudet nessa função.
Por isso, não é segredo algum que o clube vasculha o mercado atrás de nomes que possam, ao menos em parte, suprir a ausência de Guerrero. A janela para transferências internacionais só abre em 9 de outubro, e até lá são 14 jogos a serem cumpridos. Tempo demais, e que a nova etapa da temporada colorada precisará aprender a conviver seu seu goleador. A seguir, listamos as alternativas de Coudet para compor o sistema ofensivo.
Pottker
William Pottker chegou ao Inter em 2017 a peso de ouro. Pudera: em 2016, havia sido goleador do Brasileirão, e no ano seguinte, goleador e melhor jogador do Paulistão, tudo pela Ponte Preta. Na época, o Inter desembolsou mais de R$ 6 milhões pelo atleta e superou a concorrência do Corinthians para trazê-lo ao RS, mesmo para disputar a Série B.
Na primeira temporada, fez 10 gols em 32 jogos. Na segunda, repetiu os 10, mas em 39 partidas. O problema foi a sequência: com muitas lesões, o atacante só jogou 1180 minutos (o equivalente a pouco mais de 13 jogos), colocando cinco bolas na rede dos adversários. Em 2020, entrou em campo nove vezes e guardou um gol, contra o Esportivo, na retomada do Gauchão.
Vem recebendo elogios de Eduardo Coudet por seus desempenhos em treinos. Mas é justamente nessas práticas que consiste o maior desafio, trocá-lo de função. Desde sua chegada ao Inter, Pottker foi praticamente sempre um atacante aberto, preferencialmente pela direita, procurando espaço para aproveitar seu arranque e sua força. Jogar centralizado será uma novidade recente.
— Pottker é um jogador muito determinado, mas se perguntar para ele onde ele se sente feliz, certamente vai responder: "Do lado direito". Ele dá profundidade e traz a bola para a dentro, para arrematar. Usei muito pouco centralizado e do lado direito. Na Ponte jogou centralizado e foi bem. O forte dele é pegar a bola de frente — observa o técnico Moacir Júnior, seu comandante na Linense.
Yuri Alberto
Deu o que falar a contratação de Yuri Alberto pelo Inter. Uma das tantas promessas criadas na base santista, o centroavante recebeu suas primeiras oportunidades em 2017, ao lado de Rodrygo, quando tinha 16 anos.
A juventude é um dos aspectos levados em conta pelo Inter, primeiro para contratá-lo. Ainda que a operação ao Santos tenha ocorrido com custo zero, já que ele teve contrato encerrado, o clube gaúcho desembolsou R$ 10 milhões entre direitos de imagem e luvas para buscá-lo. Mas a juventude também deve ser levada em conta para colocá-lo como titular. A missão de substituir Guerrero pode ser pesada demais para o garoto assumir integralmente.
Mas uma das pessoas que mais conviveram com Yuri Alberto aposta o contrário. Luciano Santos foi técnico do centroavante colorado desde o sub-12 do Santos. E não tem dúvida em apontá-lo como a peça ideal:
— Yuri é um menino ótimo. É centroavante de área, de último terço de campo. É muito rápido e tem uma força absurda, um poder de finalização muito bom. Formava dupla com Rodrygo e foi muito bem, convocado para a seleção de base.
Para o treinador, a hora é de dar oportunidades ao menino. O profissional considera Yuri pronto para o profissional, e sem a pressão que teve no Santos. A mudança de ares pode ter feito bem para sua cabeça.
— Tem de dar moral para ele, deixar jogar. Com um mental bom, certamente vai dar boa resposta em campo — finaliza Luciano Santos.
Marcos Guilherme
A outra possibilidade de Coudet para o ataque seria uma improvisação que necessitaria de outras adaptações. Marcos Guilherme já foi atacante — e não meia, ponta ou extrema — na carreira, mas nunca centroavante.
Jogador de velocidade extrema (é apelidado de Relâmpago Marquinhos, em trocadilho com o personagem do desenho animado Carros), quase sempre é usado pelas beiradas do campo. Mas já andou centralizado também, seja no São Paulo que no Athletico-PR.
Nesta quarta-feira, aliás, deve estar em campo junto a um dos outros cotados para substituir Guerrero. Mas em uma função mais recuada, pelo lado direito. Com a ausência de Boschilia, deve atuar pelo lado direito.
Para Dejan Petkovic, atual comentarista do Grupo Globo, Marcos Guilherme é um jogador polivalente, mas não centroavante. O analista foi seu treinador no Athletico-PR em 2014. Na época, ao perceber as virtudes do atleta, preferiu escalá-lo de outra forma:
— Usei como camisa 10, solto pelo meio, com liberdade para se mexer, se juntar ao ataque. Vejo como um jogador de função um pouco mais recuada do que atacante, certamente não como centroavante. Naquela função, foi um dos melhores jogadores do campeonato — elogia Pet, que completa: — Ele tem uma virtude muito importante, que é saber aprender. Com orientação, correção, consegue fazer tudo o que o treinador pedir.