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As Libertadores de 2006 e 2010, conquistadas pelo Inter, começaram com gols de laterais. Ceará, no primeiro título, e Nei, no segundo, abriram os caminhos colorados até a tão sonhada taça continental. Na estreia colorada em 2010, contra o Emelec, Nei debutava na competição. Hoje longe dos gramados, ele mantém viva a lembrança daquela partida, na noite de 23 de fevereiro.
— Lembro que estava chovendo, estava 1 a 0, a gente não se encontrava no campo e não vinha fazendo um jogo bom. O Fossati tinha chegado há pouco, e as ideias dele eram completamente diferentes das que a gente tinha no Brasil. Lembro que tive a felicidade de receber uma bola do Sandro, driblar o lateral deles e ter a sorte de acertar um chute muito bonito. Todo mundo lembra porque foi o começo da virada — conta Nei.
O ex-lateral revela que um dia antes daquela partida, previu o gol em uma conversa com o então fotógrafo do Inter Alexandre Lops. No diálogo, Nei disse que balançaria as redes, e Lops prometeu que, caso isso acontecesse, daria um quadro com a foto do lance de presente para o jogador.
— Eu fiz o gol, e ele me deu o quadro. A história foi legal, a gente conta para todo mundo. Ele é um amigo pessoal que respeito e gosto muito. Tenho até hoje o quadro com aquele gol que foi muito importante para mim e para o Inter — detalha.
Nei também esteve em campo pelo Inter na chamada pré-Libertadores de 2012, contra o Once Caldas-COL. Dores no joelho quase o deixaram fora do jogo, mas os médicos do clube o liberaram após uma conversa. O Inter ganhou por 1 a 0 no Beira-Rio e garantiu a classificação empatando em 2 a 2 na Colômbia.
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— Foi muito complicado. Pré-Libertadores tem que estar atento, pois é um campeonato que começa contigo já podendo ser eliminado. Então, é muita concentração, dedicação, tem de ser inteligente para jogar e fazer o dever de casa. Porque é isso que resolve na Libertadores. Se tu ganhar todas em casa e empatar fora, tu é campeão — opina o ex-jogador.
Ele diz que uma das dificuldades do início de uma campanha continental é a condição física. Para Nei, jogadores conseguem estar apenas 60% fisicamente, não 100%, e precisam compensar em campo com motivação e vontade de ganhar:
— A pré-temporada é desgastante, pouco tempo e poucos jogos para se preparar. Você chega 60%, começando a se soltar. Então, o físico não vai conseguir fazer a diferença. A não ser algumas pessoas privilegiadas, tipo o Guiñazú, que pode ficar o ano todo parado e vai voltar 100%. Então, eu acho que é a cabeça, o pensamento e vontade de ganhar. A parte psicológica é muito importante. Eu falo para todo mundo que a motivação não pode ser algo de fora, ela tem que ser intrínseca. De você, para você, de alguma coisa que você tem dentro.
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Nei não esconde a admiração pelo ex-companheiro Guiñazú:
— O Guina era um animal (risos). Existem diversas formas de preparo, e a parte de resistência dele era desumana. Corria o jogo inteiro e não cansava. Foi um cara que, na parte de resistência, nunca vi igual. Até pela disciplina, pela vontade de ganhar, Guina é um exemplo disso, foi um cara em quem me espelhei muito. Tanto é que seguiu jogando até os 40 anos igual a muito moleque. É um cara sensacional na parte extra-campo, como pessoa e como atleta, não tem nem o que falar dele.
Após pendurar as chuteiras em 2019, o ex-lateral participou da comissão técnica do Almirante Barroso, campeão da Série B Catarinense no mesmo ano, e pretende seguir a carreira de técnico.