Inter e Nacional-URU será um jogo emblemático não apenas para os dois clubes, que se cruzarão pela quarta vez em uma Libertadores, mas também para o jogador que veste a histórica camisa 7 colorada: Nico López. Nascido e criado com a camisa do clube uruguaio, jogará pela primeira vez contra o seu time de origem.
Assim como D'Alessandro e Paolo Guerrero que, nessa Libertadores, encontrou pela primeira vez os seus clubes de origem, River Plate e Alianza Lima, respectivamente, chegou a vez de Nico encarar o seu passado. E justamente no centenário Parque Central, a casa do "Bolso" - como é carinhosamente chamado o Nacional pelos seus torcedores -, nesta quarta-feira, no duro jogo de ida das oitavas de final do torneio.
A ligação de Nico com o Nacional é eterna e de grande carinho. E de família também. Elias Benjamín, 6 anos, filho do atacante em um relacionamento antigo, de Montevidéu, vive com a mãe na capital uruguaia e joga nas escolinhas do Nacional. Curiosamente, enquanto convive com a sua escassez de gols - já são 17 jogos sem marcar -, Nico terá a chance de voltar às redes justamente diante do seu clube do coração.
Caso marque no Parque Central, não vai comemorar. Afinal, o Nacional está tão enraizado em Nico López que uma das muitas tatuagens de "El Diente" é o escudo do Nacional abaixo de um menino de boné, com a o nome "Nico" às costas, caminhando sobre um trilho de trem, enquanto chuta uma bola. Logo abaixo do escudo do clube uruguaio, surge a data de nascimento de Nico tatuada no braço direito: 01/10/1993.
Ainda que não esteja na sua melhor fase, depois de um ótimo começo de ano, quando se tornou o goleador do Inter em 2019, com seis gols, mas antes do advento de Paolo Guerrero, Nico tem sido substituição certa para Odair Hellmann no segundo tempo. Dos últimos 14 jogos do Inter, o uruguaio deixou o campo para o ingresso de outro atleta em 13 deles.
— Quando o atacante passa por um momento de não fazer gol, ele cria uma cobrança própria, e isso gera intranquilidade. Cabe a mim, como técnico, passar toda essa tranquilidade e confiança. O Nico vem sendo importante também em outras funções da equipe. A bola não está entrando, mas vai voltar a entrar. O Nico está com o mesmo posicionamento e liberdade para as ações que tem de fazer com e sem a bola. O que está acontecendo é que a bola não está entrando, mas ele está tendo as situações para fazer — afirmou o treinador do Inter, antes do recesso da Copa América.
Apesar das conversas, pouca coisa mudou na rotina de jogos de Nico. No mata-mata com o Palmeiras, o atacante foi substituído em ambas as partidas. No Gre-Nal desse domingo, no Beira-Rio, Nico López ficou no banco de reservas. Viu Guilherme Parede e Wellington Silva começarem o clássico, enquanto que Pedro Lucas entrou no segundo tempo.
Seca de gols à parte, a média de Nico por temporada nunca foi alta. Desde a temporada 2013, quando foi cedido pela Roma à Udinese, e começou a receber chances efetivas, a sua média de gols por jogo jamais superou o 0,30. Ele só venceu essa marca em 2017, quando o Inter enfrentou adversários bem menores, na caminhada para deixar a Série B (quadro abaixo).
— Nicolás é um produto genuíno das categorias de base do Nacional, que jamais negou seu amor pelo clube, e é torcedor do Nacional. Seu retorno nesse jogo será um momento importante para a torcida, e algo especial para ele — afirma Emiliano Salomón, repórter da Rádio Universal, de Montevidéu. — El Diente López sempre manifesta o desejo de um dia voltar ao Nacional e de conquistar coisas importantes pelo clube. Os seus primeiros passos como jogador de futebol foram no Parque Central. Então, me parece que para Nico e para a torcida será um reencontro de muita emoção — completa Salomón.
— A última passagem de Nico pelo Nacional foi muito boa. Foi quando a equipe passou na Libertadores por Palmeiras, por Corinthians, e caiu apenas nas quartas de final, para o Boca Juniors, nos pênaltis. Nico é muito querido pela torcida. Haverá aplausos quando ele estiver em campo, pois é declaradamente torcedor do Nacional. Os torcedores sonham com seu retorno ao clube, ainda que saibam que no momento seja algo impossível, devido à questão econômica — diz Juan Pablo Romero, repórter do jornal El País, de Montevidéu.
Ainda que não seja dos mais ativos nas redes sociais, Nico costuma postar no Instagram. No dia 14 de maio, porém, data do aniversário de 120 anos do Nacional — que, então, já era conhecido como o adversário colorado nas oitavas da Copa Libertadores da América —, o atacante colorado publicou uma foto sua, comemorando o gol que fez pelo Nacional, ao ajudar a eliminar o Palmeiras, ainda na fase de grupos da Libertadores de 2016, e escreveu:
— Hoje o povo tricolor está em festa! Felizes 120 anos, bolso querido! Feliz e orgulhoso de ter sido parte da tua grande história, Nacional! Nos vemos em seguida.
Apesar da carência de gols, metade dos que Nico López fez em 2019 foram na Libertadores: dois no Alianza Lima, um no River Plate — por sinal, o seu último gol, 111 dias atrás. De volta ao torneio, e num jogo emblemático, Nico pode fazer a camisa 7 do Inter brilhar uma vez mais. E que a Nicolândia volte a ser um lugar feliz.
Nico em números
2019 — Inter
- Jogos 26
- Gols 6
- Minutos em campo 2.074
- Média de gols por jogo 0,23
- Um gol a cada 345,6 minutos
2018 — Inter
- Jogos 50
- Gols 14
- Minutos em campo 3.245
- Média de gols por jogo 0,28
- Um gol a cada 231,7 minutos
2017 — Inter
- Jogos 53
- Gols 17
- Minutos em campo 3.235
- Média de gols por jogo 0,32
- Um gol a cada 190,2 minutos
2016 — Granada (ESP), Nacional-URU, Inter
- Jogos 45 (10 pelo Granada, 21 pelo Nacional, 14 pelo Inter)
- Gols 12 (11 pelo Nacional, 1 pelo Inter)
- Minutos em campo 2.652
- Média de gols por jogo 0,26
- Um gol a cada 221 minutos
2014/2015 — Hellas Verona (ITA)
- Jogos 26
- Gols 5
- Minutos em campo 673
- Média de gols por jogo 0,19
- Um gol a cada 134,6 minutos
2013/2014 — Udinese (ITA)
- Jogos 27
- Gols 3
- Minutos em campo 945
- Média de gols por jogo 0,11
- Um gol a cada 315 minutos