Turno novo, vida nova. Mas com expectativas bem mais altas. O Inter abrirá a metade final do Brasileirão nesta noite contra o Bahia, na Fonte Nova de olho na liderança do torneio e também da afirmação no G-4. Há poucas coincidências entre o time que iniciou o turno e esse que ingressa no returno. Uma delas é Rosicley Pereira da Silva. Para os colorados, simplesmente Rossi.
Naquele 15 de abril, Odair Hellmann mandou a campo um time com Rossi pela direita, D'Alessandro centralizado, e Patrick pela esquerda. Uma formação semelhante à que será usada em Salvador. A diferença estará, possivelmente, em Camilo, que deve ocupar um lugar no meio — e, claro, em D'Ale, de fora outra vez por problemas musculares. No caso de Rossi, aquele jogo contra o Bahia acabou com 11 minutos, devido a uma lesão. Nico López entrou em seu lugar, fez os dois gols da vitória e começou a pavimentar seu caminho como titular.
Rossi talvez seja o mais sanguíneo dos jogadores desse Inter. Soma 16 jogos e um gol pelo Inter. Um gol emblemático, por sinal, feito aos 46 do segundo tempo e que decretou o 2 a 1 no Corinthians. Mas sua participação vai além disso. É um dos jogadores mais populares no grupo, graças ao seu temperamento fora dos padrões.
A prova disso veio no domingo. Depois de sofrer a falta que originou o gol de Camilo, ele tomou caminho diferente ao dos companheiros. Em vez de comemorar com o meia, deixou a montanha de jogadores que se formou sobre Camilo e correu até Odair Hellmann, que vibrava diante da social. Rossi saltou com o pé erguido às costas do treinador e desequilibrou-o. Recebeu como retribuição um abraço.
Depois, ao ver a foto postada por torcedores no Twitter, Rossi usou a rede social e fez o seguinte comentário — acompanhando dos emojis do sorriso com suor e o com os dentes cerrados, como quem admite ter avançado perigosamente uma fronteira:
— Desculpa, professor, fui no embalo. Obs.: não é montagem.
Sempre descontraído, Rossi é um dos jogadores do Inter que mais interagem com a torcida. Recebe montagens e memes de seus 25,3 mil seguidores no Twitter e geralmente faz comentários. A foto do atacante dando um carrinho na partida contra o Fluminense logo virou uma montagem, na qual Rossi está na mesma pose em cima de uma prancha, surfando. Após a vitória sobre o Atlético-MG, quando o jogo foi interrompido devido à chuva de granizo, Rossi publicou:
— Pensei que em Minas chovia pão de queijo...
Para o comentarista de GaúchaZH Leonardo Oliveira, Rossi é aquele jogador enérgico, que todo o time necessita para mudar o panorama de uma partida:
— Rossi, pode-se dizer, é uma aposta que deu certo. Chegou para completar o grupo e se tornou alternativa interessante quando Odair Hellmann precisa mudar a feição ofensiva do time. Sempre entra aceso e compensa algumas decisões equivocadas com energia e entrega em todos os lances. É o tipo de jogador do qual o técnico gosta de ter no grupo, por saber que ao acioná-lo terá sempre, no mínimo, a disposição como resposta. À distância e acompanhando pelas redes sociais, percebe-se também que Rossi integrou-se ao Inter e faz o papel do jogador que deixa leve o ambiente, que une o grupo.
Acostumado a assistir aos jogos de Rossi pela Chapecoense, Rodrigo Faraco, comentarista do Diário Catarinense e da NSC TV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, lembra que sempre foi agudo e desequilibrava pela extrema do campo.
— Ele sempre teve essa jogada forte pela direita. Com muita força e boa capacidade de driblar, procura a linha de fundo. Sabe fazer gols, apesar de ser mais de dar assistências — afirma Faraco.
Rossi abrirá um turno do Brasileirão uma vez mais como titular. Depende de um grande jogo para ter sequência em um setor ofensivo recheado de concorrentes, como Nico López, William Pottker, Lucca, Wellington Silva, Jonatan Alvez, Leandro Damião e, agora, Paolo Guerrero.