No início, perder é chato. Estávamos - pasme - brigando pela liderança do Brasileirão 2016 quando conseguimos a proeza de perder para o Figueirense por 3 a 2. Saí pela casa gritando impropérios e quebrando coisas. A ira tomava conta. Era inacreditável ver que deixaríamos passar mais uma chance de levantar este campeonato que não é nosso desde 1979.
Depois, perder é desesperador. As coisas já andavam bem mal para nós quando fomos a Minas Gerais enfrentar um dos piores times da história da Série A do certame nacional. Que jogo triste. Antes de conhecer Inter x Paraná & Inter x Boa Esporte, achava que nada no mundo poderia ser pior do que aquele América-MG x Inter.
O zero a zero descrevia perfeitamente a nulidade completa que era a partida no Independência, até que tomamos um gol que deixaria envergonhado qualquer peladeiro de final de semana. Perdemos. Esbravejar palavras impublicáveis era um dever, e o fiz por umas duas ou doze horas após o apito final daquela desgraça.
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Agora, perder é... mais um dia normal na vida.
No final de semana perdemos para o Clube de Regatas Brasil de Alagoas. Um dois a zero de muita superioridade do Galo de Maceió. Resultado normal. Se alguém vier do futuro e me disser que nesta terça-feira perderemos para o Luverdense de Lucas do Rio Verde, em pleno Beira-Rio, não vou estranhar. Não vai me parecer esquisito, irreal ou torto. Vai soar como mais uma rodada comum de Série B para o Inter.
Não há mais reação de estranheza à derrota. Nem há como cantar sequer um empate antes do jogo. Vamos enfrentar o Oeste no Beira-Rio? Cuidado! Vamos nos fechar para não passar vexame! O último colocado da Série B vem nos enfrentar num Gigante lotado? Não vamos nos animar, hein? Retranquinha e jogo no contra-ataque, para tentar buscar um ponto.
Em um ano e meio perdemos tanto, e tantas vezes, e de maneiras tão inacreditáveis e cômicas, que nada mais me parece fora do lugar. Os fiascos em sequência me anestesiaram. Já não há mais grito de revolta. Já não há mais vontade de quebrar coisas, já não há mais socos na parede.
Na terça-feira, depois que o juiz apitar o final de mais um jogo terrível, levantarei pacificamente da minha cadeira no Beira-Rio. Sereno, caminharei até a minha bicicleta e pedalarei tranquilo de volta para casa. Perder para o Luverdense? Normal. Esquisito vai ser se golearmos um time que gasta em um ano o que despejamos em um mês de folhas salariais.
Não está sendo fácil.
*ZHESPORTES