Guto Ferreira comanda o Inter há 21 dias. Em menos de um mês, disputou seis partidas, duas vitórias e quatro empates. Está invicto e com o time na sexta colocação da Série B, com a mesma pontuação do Goiás, o quarto colocado, e quatro atrás do líder, Juventude. Apesar dessa campanha, o Inter parece jogar cada vez menos. Nos dois recentes empates, com Santa Cruz e Paraná, ambos por 0 a 0, os colorados deram um chute a gol – somando os dois jogos. O pouco futebol chama a atenção, ainda que o sistema defensivo não vaze há 180 minutos.
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O que causa alguma estranheza também é o fato de Guto Ferreira mudar o time como quem muda o refil da cafeteira. Nesses seis compromissos pela Série B, a equipe titular jamais foi repetida. Foram utilizados 24 jogadores, apenas uma vez o sistema defensivo foi o mesmo, algo que não ocorreu com o meio-campo, enquanto que o ataque ora contou com uma dupla, ora com um trio – e até com um homem de frente apenas. O sistema tático também variou do 4-4-2, ao 4-3-3 e para o 4-1-4-1.
A alegação para tantas trocas foi a necessidade de preservar atletas. Ainda assim, desde a chegada da nova comissão técnica, o Inter já perdeu Cuesta, Pottker e Ernando (com lesões musculares), além de Carlos (entorse no tornozelo).
Para completar, não caiu bem junto ao vestiário a sinceridade do treinador ao afirmar que Marcelo Cirino estava à frente dos goleadores Nico López (12 gols no ano) e Brenner (13 gols) por ser mais competitivo do que os colegas.
– O problema não é dentro do vestiário. O problema é de desempenho. O resultado não está ocorrendo. Estou assumindo um erro, uma condição que não é a ideal. Há um desgaste pela sequência. Você precisa administrar situações até ter uma equipe com equilíbrio e que dê respostas. Preciso achar 11 (titulares). Estou administrando situações mesmo sem encontrar 11. Ainda não perdi. Somamos pontos – defendeu-se Guto.
O vice de futebol Roberto Melo se mostrou tenso após novo revés:
– Essa nova equipe ainda não teve tempo de trabalhar. É jogo terça e sábado, não teve chance de fazer treinos. É difícil implementar o modelo de jogo, melhorar em todos os conceitos. Temos mais um jogo esta semana (sábado, em Pelotas, contra o Brasil) e, aí, sim, teremos duas semanas para treinar. Tenho certeza de que a equipe vai melhorar – disse um impactado Melo.
Para o comentarista da RBS TV Maurício Saraiva, Guto precisa encontrar soluções imediatas para consertar os problemas do Inter.
– Estranho que Guto, autor de uma solução promissora, a entrada de Juan contra o Figueirense, tenha arquivado essa ideia. Contra o Paraná, com o time sem armação, Guto optou por Valdemir, em uma função mais atrás, do que por Juan. O Inter se autoencaixotou no jogo – opinou Saraiva. – Guto não pode ser demitido, tem três semanas de Inter, mas o trabalho está atrasado e ele precisa tomar providências. Se o Inter insistir na ideia de um crematório de técnicos, não vai subir – acrescentou.
* ZHESPORTES