Há uma semana, no dia seguinte à estreia no time principal do Inter, Juan voltou no tempo. Enquanto comemorava a grande atuação na vitória do Inter sobre o Figueirense, no Orlando Scarpelli, lembrou a amigos sobre o momento que desembarcou em Porto Alegre, seis anos atrás, com um contrato de base em um time grande e tantos sonhos pela frente. A partir das 16h30min deste sábado, o meia escreverá mais um capítulo com a camisa colorada. Agora, titular no time principal e no lugar do suspenso D'Alessandro.
Sua precisão no passe e sua visão de jogo o tiraram do futsal com 13 anos e o levaram até o Trieste Futebol Clube, clube amador de Curitiba, em 2011. A decisão de ter Juan no grupo do time fundado em 1937 e que desde 2005 aposta em formação de jogadores foi rápida. Bastou que ele participasse de um dos processos de integração de jogadores na escola.
– Juan sempre teve essa qualidade que a torcida do Inter viu agora. Até por isso, passou tão pouco tempo conosco – lembra Rafael Stival, diretor do Trieste e quem decidiu contratar o garoto nascido em Curitiba.
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A saída veio com a mesma agilidade que Juan tem ao conduzir a bola em jogo. Em apenas seis meses, o Inter o encontrou. Jorge Macedo, então diretor da base colorada – hoje executivo de futebol do Inter – viajou a Curitiba para acompanhar alguns jogos do Trieste. E viu aquele meia franzino:
– O Ademir (Calovi, então coordenador pedagógico da base) foi antes para conhecer o clube. Depois, viajei para ver os jogos. Na época, trouxemos cinco ou seis jogadores – lembra Macedo, desde Belo Horizonte, onde acompanhava o treino comandado por Guto Ferreira que deve indicar Juan como titular diante do Santa Cruz, pela oitava rodada da Série B. – Ele sempre foi um menino muito talentoso. Mas teve maturação tardia – completa.
Da mesma geração de Yan Petter, Gustavo Ferrareis e Alisson Farias, Juan precisou de mais tempo até se desenvolver e adquirir o ápice físico para chegar no Juvenil. Viu Andrigo e Alex Santana à sua frente e precisou de paciência para buscar espaço. Como meia-armador e com contrato até setembro de 2019, disputou o Campeonato Gaúcho, Copa do Brasil e Brasileirão, todos sub-20, e Supercopa Gaúcha na temporada passada. Só então atingiu a maturidade que a direção esperava para puxá-lo ao profissional.
– Tínhamos convicção nele pelo aspecto cognitivo e técnico. É um jogador que a gente sempre esperou – finaliza Macedo.
Foi assim, entre D'Alessandro, Rodrigo Dourado e Danilo Fernandes que começou o 2017 de Juan. A oportunidade, no entanto, veio apenas sob o comando de Guto Ferreira.
Na primeira oportunidade que teve, quando poupou diversos jogadores em Santa Catarina, o técnico apostou no jogo contra o Figueirense para o lugar de Brenner, no intervalo, quando a partida estava 1 a 1.
Ali, a torcida do Inter conheceu e aplaudiu Juan pela primeira vez. Foi dele o início da jogada para o gol que decretou a vitória colorada no Orlando Scarpelli. E é pelos pés dele que Guto Ferreira espera que passe a vitória em Recife neste sábado.
* ZHESPORTES