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O futebol oferece histórias sobre recomeços. Algo que os colorados conhecem bem. Há anos. Sempre há um "e se" para ser eternizado. O maior "e se" do Inter foi em 2006, quando Adriano Gabiru, defenestrado pela torcida, substituiu Fernandão no segundo tempo da final do Mundial contra o Barcelona e deixou Yokohama com uma vaga no panteão colorado, retornando a Porto Alegre aos gritos de "uh, uh, uh, me perdoa, Gabiru". O Inter de 2017 passou a viver o seu "e se" quando Fabinho se converteu no mais novo titular de Guto Ferreira. Neste sábado, no Beira-Rio, um novo desafio para Fabinho: bater o Boa e fixar o Inter definitivamente no G-4 da Série B.
No começo do ano, Fabinho não pegou a lista dos 32 inscritos do clube para o Gauchão. Era um dos tantos tatuados pelo descenso de 2016. Com uma tendinite no pé esquerdo, surgida em meio à pré-temporada no Vila Ventura, acabou cortado de uma lista que tinha para a sua função Rodrigo Dourado, Charles, Anselmo, Fernando Bob e Eduardo Henrique – os três últimos já deixaram o Inter. Chegou a treinar à parte do grupo principal, no CT Parque Gigante. Com a chegada da Série B, porém, Fabinho passou a ser utilizado novamente com alguma frequência. Inicialmente por Antônio Carlos Zago, até se tornar um surpreendente artilheiro com Guto. A vitória sobre o Brasil-Pel, que aliviou a pressão sobre o vestiário, saiu de seus pés.
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– Dar a volta por cima depende muito do jogador – ensina Adriano Gabiru, ao conversar por telefone com a reportagem de ZH, desde a sua casa em Curitiba. – Ser criticado pela torcida é muito difícil. Mas, se o cara tem confiança no que faz, consegue se reinventar. Comigo foi assim – diz o autor do gol do Inter na vitória de 2006 sobre o Barcelona.
Fabinho chegou ao Beira-Rio em dezembro de 2015. A pedido de Argel Fucks, que havia sido teu treinador no América-RN e no Figueirense.
– O problema do Fabinho é não ter grife – dispara o ex-técnico do Inter Argel Fucks, desde Lisboa, onde participa de um curso da Uefa. – As pessoas gostam de jogadores que custam R$ 7 milhões, R$ 8 milhões. Esses podem chegar e dar certo. Mas a maioria dá errado. Fabinho teve custo zero para o Inter. Veio pelo salário porque estava encerrando o contrato no Figueirense. Eu pedi que ele não renovasse em Florianópolis, pois o queria no Inter – conta Argel.
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Fora dos planos de Zago para o Gauchão, o volante tomaria o mesmo caminho de Alan Costa e de Geferson: o Vitória, de Argel. O empréstimo estava sendo encaminhado quando o treinador foi demitido do clube baiano. A transação não foi efetuada e Fabinho esperou uma nova chance no Beira-Rio – uma vez que negociações com Vasco e com Chapecoense também já haviam sido encerradas, devido ao interesse dos nordestinos.
– Assim que assumir um novo time no Brasil, pedirei a contratação do Fabinho. É um cara que parece ter três pulmões, tamanha a resistência física. Ele pode jogar como lateral, como segundo volante e até como atacante, pelo lado direito. Muitas vezes joguei com William e Fabinho pela direita. Além disso, é um jogador que tem inteligência tática: cumpre o que o treinador pede. É o tipo de atleta que todo o elenco precisa ter – elogia Argel.
Capitão do Inter na conquista do bicampeonato da Libertadores, em 2010, e titular no título da América de 2006, Bolívar nem sempre foi unanimidade entre os torcedores. O ex-zagueiro busca em suas referências de Beira-Rio um exemplo para comparar a importância de Fabinho para a equipe.
– Fabinho é da família de jogadores do Edinho: não é muito visto pelo torcedor e, se ocorre algo errado, a torcida pega no pé. Mas é um cara voluntarioso e muito importante para o time. Talvez não tenha essa visibilidade para as arquibancadas. Fabinho é um cara que defende muito, que marca bem demais, e que, por vezes, até chega à frente e faz gol, como aconteceu em Pelotas – afirma Bolívar.
O novo Inter de Guto Ferreira começa por Fabinho, o curinga que ao final do ano poderá contar com o Inter mais uma história de volta por cima.
* ZHESPORTES