Duvido que alguém saia de casa com a intenção de errar. Seja no trabalho (principalmente no trabalho), no lazer, nos estudos, com a família. A cobrança e a confiança depositada subjetivamente pelas pessoas fazem com que um ser humano normal doe-se no seu máximo, gerando um sentimento de consciência tranquila e plenitude social. É claro que errará, mas por ser humano.
Todavia, há profissões que expõem mais os trabalhadores. Que mexem com paixões, opiniões, amores e desamores. Futebol entre elas, claro. E com a exposição, surgem oportunidades de opiniões que tangem por vezes a perseguição.
O Inter padeceu ano passado com um time desencaixado, onde o núcleo do problema foi a falta de comando técnico e de um modelo de jogo. E lá estavam Anselmo, Paulão, Valdívia, entre outros do atual grupo.
São eles os culpados pelo Inter ter sido rebaixado? Valdívia chorou quando errou um pênalti. Marketing pessoal ou sentimento de um profissional que ama o clube que defende? Paulão falhou, mas nunca fugiu. Sempre trabalhou e, neste ano, já foi até aplaudido no Beira-Rio. Anselmo terminou o ano como o esteio de um meio-campo desordenado, sem a presença do cadenciador. Jogou a morrer e terminou o ano aplaudido. Eu estava lá, eu vi. Eu aplaudi. Hoje eles não servem mais?
Zago faz um trabalho com métricas interessantes, erra também, mas me sinto, se é que isso é possível, no dever de tentar ser o porta voz destes trabalhadores que não fugiram. Que, quando acionados, entram em campo para fazer seu melhor. Deixem eles trabalhar.
Suplico, o atleta precisa de confiança. Precisa de carinho. São tão humanos quanto nós. E, se estão ali, é porque podem colaborar com o time. O Internacional vive um momento de reconstrução, e a empatia da torcida com seus representantes no campo é fundamental. Como imaginar o desempenho de alguém que entra em campo já vaiado sem o jogo ter sequer ter começado? A margem de erros vai aumentar, criando um efeito contrário ao desejado. Que Valdívia drible muito, que Paulão mostre raça, que Anselmo seja sempre o cão de guarda que é, e que a torcida abrace e tente entender que, por toda escalação inicial, há um planejamento de jogo. E se for o caso, as três substituições existem para isso: mudar, melhorar e consertar.