O Inter alega inocência da acusação do inquérito do STJD sobre a utilização de e-mails adulterados para denunciar o Vitória no Caso Victor Ramos. Segundo o vice-presidente jurídico do clube, Gustavo Juchem, não houve qualquer alteração nos documentos desde que o Beira-Rio os recebeu e os encaminhou à CBF.
– O relatório traz dados novos e importantes. Já havíamos apresentado duas perícias ao STJD, mostrando que era o mesmo material que havíamos recebido. Ou seja: não alteramos nada, não falsificamos nada. O trabalho novo do auditor é que ele conseguiu obter a troca de e-mails entre Francisco Godoy (agente de Victor Ramos) e o Monterrey (clube ao qual ele estava vinculado, antes de ser cedido ao Vitória). Aí as coisas fecham. E estávamos curiosos sobre quem havia feito (a adulteração). Qualquer falsificação, se houve, não pode ser imputada ao Inter. O material juntado pelo Inter é o mesmo das conversas reais entre Vitória e CBF. A CBF, inclusive, dá orientação ao Vitória, que deveria fazer uma transação internacional – comentou o dirigente do Inter. – O conteúdo era verossímil, veio de pessoa confiável e do próprio Monterrey, que participou da transação. Não havia como desconfiar de nada. O Inter não divulgou documento a terceiros , apenas entregou para conhecimento do procurador – acrescentou o vice-jurídico.
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Juchem disse ainda ter dúvidas sobre se o inquérito do STJD, que sugere até mesmo a exclusão do Inter da Série B, será acolhida pela Procuradoria do Tribunal, indo a julgamento (a outra possibilidade é que seja arquivado).
– A apuração do relator merece elogios. Já o enquadramento jurídico, tem uma série de equívocos. Agora, o procurador Felipe Bevilacqua vai decidir pela instauração ou não do processo, com o consequente julgamento. Quem não deve mão teme – concluiu Juchem.
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Relembre o Caso Victor Ramos
Desde o final do ano passado, o Inter entrou na Justiça Desportiva alegando uma irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, que foi contratado pelo Vitória junto ao Monterrey-MEX. Como estava emprestado ao Palmeiras, os clubes fizeram a transferência diretamente no Brasil, sem passar pelos trâmites burocráticos internacionais previstos pela Fifa, segundo o clube gaúcho. Isso teria beneficiado o clube baiano a acelerar sua inscrição e ter vantagens financeiras na negociação – se o Inter conseguisse caracterizar a irregularidade, o Vitória poderia perder pontos no Brasileirão do ano passado e, assim, o Inter se manteria na Série A.
O caso não foi levado adiante pela Procuradoria do STJD e, portanto, nunca foi julgado no Brasil. Desta forma, o Inter optou por entrar com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. Contudo, a instância máxima do esporte decidiu que não tinha competência para julgar o mérito da questão e encerrou o caso.
Durante a tentativa de abrir o caso no STJD, o Inter se utilizou de e-mails trocados entre Reynaldo Buzzoni, diretor de registros da CBF, e o Vitória para tentar indicar a má-fé do clube baiano. Contudo, a CBF alegou que os e-mails haviam sido adulterados. O STJD abriu e manteve um inquérito para investigar a veracidade dos e-mails e, com sua conclusão, pediu a punição ao clube gaúcho.
*ZHESPORTES