O que mais preocupou e irritou a torcida do Internacional nesta largada da Série B foi a falta de convicção de Antonio Carlos Zago para montar um time. Em cinco meses de trabalho, o treinador demitido no fim de semana se embaralhou a tal ponto que nenhum colorado sabia exatamente qual era a equipe titular, como ela jogava, suas virtudes e seus defeitos. Zago caiu porque escalava mal, mexia mal e avaliava mal as partidas.
Aqui neste mesmo espaço eu pedi, há um tempo, paciência com Zago. Em alguns jogos, como o Gre-Nal da Arena e os confrontos contra Corinthians e Palmeiras pela Copa do Brasil, houve lampejos de organização e bom futebol. Não passaram de fagulhas. Zago realmente se perdeu e mereceu sair. Não podemos desperdiçar tempo com ideias equivocadas de futebol no Beira-Rio.
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Mais de 40 atletas foram embora e um time completamente novo foi contratado. Temos peças interessantes, como Victor Cuesta, Uendel, Carlinhos, Edenilson, Gutiérrez, William Pottker e Marcelo Cirino, sem falar dos goleiros. Todos eles jogadores que estariam em qualquer equipe da Série A. Portanto, o diagnóstico é bem claro: precisamos de um comandante com convicções, que implemente logo um sistema tático e o aperfeiçoe.
Por tudo isso, saúdo a possível chegada de Guto Ferreira, o "Gordiola", como é carinhosamente chamado pelos atletas e pela torcida do Bahia, onde faz excelente trabalho. Ele tirou os baianos da Série B em 2016, venceu a Copa do Nordeste neste ano e organizou um time não tomou gols em 20 de 30 partidas disputadas.
Na Bahia, o que dizem é que Gordiola não abre mão de jogar no 4-2-3-1 desde que assumiu o comando na Fonte Nova. Isso mostra que o treinador tem convicção. Necessitamos urgentemente de um padrão, de 11 titulares, de repetição.
Você, caro leitor, pode achar que Gordiola não é exatamente um técnico de ponta como Levir Culpi ou Marcelo Oliveira, outros nomes cotados. Ok, eu concordo, mas Gordiola não é exatamente um guri. Com 51 anos, 13 deles dedicados ao próprio Inter, entre categorias de base e até o time principal, onde venceu o Gauchão de 2002, o provável novo dono da casamata vermelha passou por Figueirense, Chapecoense, Ponte Preta e Bahia, os dois últimos que subiram para a Série A com ele. São boas credenciais.
Se conseguir escalar um time que pare de tomar gols com facilidade e apresente uma ideia de futebol, consolidada com 11 titulares, Gordiola cumprirá bem sua missão. A volta à Série A, neste caso, ocorrerá naturalmente.