
Vitorio Piffero é mesmo um pioneiro. Como vice-presidente de futebol, foi o primeiro campeão da Libertadores da América pelo Internacional, em 2006. Como presidente, protagonizou o bicampeonato da competição e, logo depois, a primeira derrota de equipes brasileiras em semifinais do Mundial de Clubes, contra o Mazembe. Novamente na presidência, colocou o Inter na segunda divisão no ano passado.
Na noite da última segunda-feira, Piffero selou o inusitado percurso vanguardista com a rejeição das contas de sua gestão pelo Conselho Deliberativo do clube. Isso nunca havia ocorrido. O ex-presidente livrou-se de eventual punição porque o estatuto não a prevê.
O Conselho Fiscal emitiu parecer recomendando a reprovação por "falhas graves nos controles internos", e o presidente do órgão, Geraldo Da Camino, pediu a abertura de sindicância para apurar as falhas. Qual será a dimensão destas falhas? Podemos ter uma ideia baseados no déficit de R$ 58 milhões, projetado pelo presidente Marcelo Medeiros no final de março. Também podemos ter ideia pela situação em que nos encontramos – a Série B e a ira nacional contra a instituição.
O vice de Finanças do Inter em 2016, Pedro Affatato, falou ao repórter da Rádio Gaúcha, Rodrigo Oliveira, que a rejeição das contas "é efeito da segunda divisão, questão política, estamos pagando o preço de participar de uma gestão que caiu para a segunda divisão". Fala sério...
A segunda divisão é efeito do descontrole absoluto que tomou conta do clube, e não o contrário. Este tipo de declaração mostra que ainda há muito trabalho para ser feito nos bastidores do Inter. Transparência é o princípio de tudo.
Será importante para toda a torcida colorada que as falhas graves nos controles internos sejam detalhadas. Queremos saber, afinal, o que foi feito, como foi feito, por quem foi feito e por que foi feito. Caso contrário, corremos o risco de Piffero inspirar aprendizes para novos movimentos vanguardistas.
Já pensaram onde podemos parar?