Será aberta, em maio, uma sindicância para esclarecer dois pontos levantados na reunião do Conselho Deliberativo que levou à reprovação das contas da gestão Vitorio Piffero. O extravio de documentação e o aluguel do Centro de Eventos Arthur Dallegrave estão no centro das investigações.
– É a primeira vez que o Conselho Fiscal, baseado na auditoria e na documentação examinada, encaminha ao Conselho Deliberativo um parecer sugerindo a rejeição das contas. Chegou, ao final, um oficio do Conselho, em que foi destacada pelo presidente a abertura de uma sindicância de situações atípicas que aconteceram na gestão passada. Esse material foi encaminhado ao jurídico por nós – disse Marcelo Medeiros, antes do embarque para São Paulo, onde o Inter enfrenta o Corinthians pela Copa do Brasil.
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As situações atípicas às quais se refere o dirigente colorado começam com o sumiço de uma documentação enviada pela gestão passada e já previamente analisada pelo Conselho Fiscal. Ao ser solicitada novamente, essa documentação se perdeu. Segundo Sandro Farias, responsável pela Controladoria e Transparência da gestão Piffero, seriam notas de compra e de serviços feitos em 2016. O ex-dirigente acusa a atual direção de ter sumido com esses comprovantes.
– Acho que precisa ser identificado o que aconteceu. A diretoria de patrimônio encerrou em dezembro e entregou os documentos. O Conselho Fiscal olhou e, já com a nova diretoria, não existe essa documentação. Mas isso é com a nova direção. São notas de compras e de serviço. Como saímos do clube, não temos como resolver. Talvez, pode até ter sido mal arquivado. Pode acontecer – diz.
A discrepância nos valores em dois aluguéis do Centro de Eventos Arthur Dallegrave em 2016 também será investigada. Em um momento, o clube alugou o espaço por R$ 15 mil. Em outro, um preço 50 vezes menor (R$ 300).

– Houve apenas duas locações. Uma de R$ 15 mil e outra, R$ 300. Como não havia explicação, sugeri uma sindicância para, eventualmente, responsabilizar o causador de um possível dano – explicou o presidente do Conselho Fiscal, Geraldo da Camino.
A explicação de Farias, que responde em nome de Piffero, hospitalizado, é que não há tabelamento de preço para o local. Por isso, avaliou-se no momento da locação.
– Pelo que sei, foi alugado para um diretor que usou apenas uma parte e indenizou os custos. Não há um valor específico se alugar um pequeno espaço dentro do centro de eventos, com duas mesas ou com uso de tantos banheiros, por exemplo. Como não existe tabela, se estipulou-se um preço. Foi fixado um valor avaliado na hora.
O ex-dirigente aponta que haveria problema em caso de preterição de uma proposta maior pelo aluguel. Ele ressalta que o espaço é cedido a movimentos políticos do clube sem custos, para que façam suas reuniões.
– Problema seria se eu tivesse alguém para alugar por R$ 15 mil e se alugasse por R$ 300. Isso não aconteceu. Mas pode ser feito uma linha de regulamentação, com preços. É comum o Inter emprestar de graças para movimentos políticos e ninguém disse que seria renúncia de receita – entende o ex-dirigente.
* ZHESPORTES