O Inter foi buscar na Argentina um xerife para a zaga. Neste começo de ano, a direção detectou um problema grave, que ocorre desde o ano passado: poucos se impõe no sistema defensivo, com jogadores calados, tímidos, por vezes, o Inter ansiava alguém para "mandar" no setor – como D'Alessandro faz do meio para a frente. E Victor Cuesta, o canhoto camisa 14 e capitão do Independiente, foi o indicado.
Após uma longa negociação a respeito do parcelamento na compra de parte dos direitos do zagueiro, o Independiente aceitou a oferta colorada sobre o pagamento de US$ 2 milhões (R$ 6,2 milhões) pelos 50% dos direitos econômicos do defensor, e o negócio foi sacramentado na tarde desta quarta-feira.
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O Inter, por exigência da direção argentina, dividirá o valor acertado em quatro parcelas até agosto de 2018 e terá opção de compra dos 50% restantes dos direitos do jogador por um preço fixado – pagando mais US$ 2 milhões. O diretor de futebol colorado, Jorge Macedo, embarcou para Buenos Aires a fim de acertar os últimos detalhes com o Independiente e com os representantes do jogador. Victor Cuesta deverá desembarcar nesse sábado em Porto Alegre, a fim de realizar exames médicos.
Cuesta começou a carreira no Arsenal Sarandí, em 2008, onde jogou até 2011 quando foi emprestado ao pequeno Defensa y Justicia, da cidade de Florencio Varela, retornou ao Arsenal e, em 2012, foi cedido ao Huracán. De volta ao Arsenal na temporada seguinte, teve destaque e foi vendido ao Independiente, em 2014. Em Avellaneda, se tornou capitão do time no ano passado, depois que Pellerano deixou a equipe. Na manhã de sábado, no amistoso entre Independiente e Temperley (time da primeira divisão argentina), Cuesta comentou com alguns jogadores que aquele poderia ter sido o seu último jogo pelo clube. Durante a semana, com o avanço das conversas com o Inter, Cuesta declarou:
– Se chegar uma oferta que seja boa para o clube, eu gostaria de aproveitar. Quero ir.
Desde então, nos treinos passou a compor o time reserva, uma vez que o técnico Ariel Holan foi informado pela direção do clube que já não contasse mais com o capitão.
– Cuesta está entre os cinco melhores zagueiros que atuam na Argentina hoje. Está um nível abaixo apenas de Jonathan Maidana (River Plate), que é o melhor da Argentina – analisou Alejandro Casar, repórter do jornal La Nación, de Buenos Aires. – Victor Cuesta é um xerife, um caudilho. Tem grande liderança em campo, uma personalidade muito forte e é muito bom na bola aérea. Não era muito bom na saída de bola, mas evoluiu muito neste aspecto nas últimas temporadas – acrescentou Casar.
Devido ao bom futebol apresentado na temporada 2015/2016, Cuesta foi chamado por Tata Martino para a seleção argentina na Copa América Centenário e foi capitão da seleção olímpica nos Jogos do Rio. Na temporada atual, disputou 12 partidas pelo Independiente, todas como titular. No ano passado, o Corinthians tentou a sua contratação, sem sucesso.
– Antes de chegar ao Independiente, Cuesta foi utilizado como volante. E foi bem. Mas é zagueiro de origem, vai muito bem no mano a mano contra os atacantes. É um jogador maduro, completo – comentou o repórter Miguel Riglo, do site El Rojo Es Mi Pasión, voltado para notícias do Independiente.
Carlos Borsa, repórter e apresentador da Rádio Splendid e da Crônica TV, em Buenos Aires, diz que Cuesta tem duas características fundamentais para corrigir os problemas defensivos Inter: saída de bola e posicionamento na bola aérea.
– Victor Cuesta cresceu muito nas últimas temporadas. Tanto é assim que foi convocado para a seleção argentina. Tem um cabeceio muito bom nas duas áreas, além de ser o segundo ou terceiro melhor zagueiro canhoto da Argentina. Tem personalidade, bom passe, sabe sair jogando e tem um grande senso de antecipação – afirma Borsa.
Victor Leandro Cuesta, 28 anos
Foi campeão argentino e da Super Copa com o Arsenal Sarandi, nas temporadas 2011/2012 e 2012/2013. No Independiente, jogou de 2014 a 2017, tendo disputado 92 partidas e marcado 8 gols.
* ZH ESPORTES