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Conquistar campeonatos estaduais de forma consecutiva não é fácil, imagine então ganhar nove, por quatro clubes diferentes. Essa foi uma das marcas deixadas pelo zagueiro Sangaletti como jogador profissional de futebol. De 1997 a 2005, faturou um Paulistão pelo Corinthians, três Pernambucanos pelo Sport, dois pelo Náutico e um Gaúcho pelo Internacional. Agora, aos 45 anos, estreia em nova carreira, como treinador do Noroeste de Bauru na Série A3 do Paulistão, onde pretende dar continuidade à saga vitoriosa.
– Fiz uma apresentação para o elenco e no final eu falei que eu quero ser campeão, eu parei como jogador sendo campeão em 2005, e quero iniciar como treinador sendo campeão também - afirmou em entrevista ao LANCE!.
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O desafio de Sangaletti em seu primeiro trabalho como técnico é a disputa da Série A-3 do Paulistão, ou seja, um torneio estadual que ele conhece tão bem. Apesar do início mais modesto, seus planos são ambiciosos.
– Penso em ir para a Seleção Brasileira, estou neste momento no Noroeste, e o quanto antes eu vencer, melhor, porque assim você consegue crescer na profissão. Passo a passo, conseguirei chegar a uma equipe da Série A-1, uma equipe de Campeonato Brasileiro e aí chegar até a Seleção Brasileira. Não sou aventureiro, se tiver mais cursos, vou fazer, quero me qualificar, buscar informação, aprender e crescer na profissão.
Estudar, aliás, é algo que o ex-zagueiro carrega consigo desde o início de carreira. Antes mesmo de se tornar profissional se formou em Educação Física. Depois da aposentadoria dos gramados, acumulou cursos de Gestão Esportiva, na Federação Paulista de Futebol, e Liderança e Desenvolvimento Pessoal. Na CBF tirou a licença B e termina a licença A ainda neste ano.
– Aqui no Noroeste, tenho analistas de desempenho, dois auxiliares, uma estrutura dentro de uma A-3, para poder orientar na parte técnica, na parte de antecipação de jogo, de gestão de treinamento e de pós-treinamento. A gente já sai na frente. Não é uma crítica, mas o treinador de hoje está pensando muito no campo, e isso pode fixar sua visão apenas ali. De repente, ele precisa dar um passo para trás e ver o geral. Vejo hoje muitos treinadores de campo capacitados, mas que não tem essa gestão, que hoje em dia é primordial para o sucesso – analisou.
Antes de decidir ser treinador, Sangaletti teve uma experiência como gestor de futebol do Náutico. Embora tenha deixado a função para se aproximar mais da parte técnica, ainda faz uso do que vivenciou como dirigente para auxiliar na montagem do elenco do Noroeste.
– Eu estou desde novembro montando o elenco, o Emerson (gerente de futebol) viu que o melhor seria contratar primeiro um treinador para depois começar a ver as possibilidades de atletas. Fazemos a escolha por vídeos, buscando informações de ex-companheiros, de ex-treinadores e de quem tenha estado próximo desse atleta principalmente no último ano – relatou antes de completar:
– Tivemos casos em que trouxemos o atleta aqui para Bauru para ver o clube e mostrar o nosso projeto. Em uma contratação, você tem de dizer sim ou não, não tem promessa, tem realidade, é essa a situação do clube, estamos na A-3, é assim que vamos trabalhar e queremos vencer.
A palavra vencer é constante no vocabulário de Sangaletti. Ele prega que o melhor caminho é ir "passo a passo" para subir na carreira, mas sempre com o objetivo máximo em cada desafio que passar.
– O projeto do Noroeste é A-2 e A-1, já para a A-3 é de curto prazo, é ser campeão. Eu quero ser campeão, não tenha dúvida que eu trabalho meus atletas para sermos campeões. Claro que é uma projeção, mas eu tenho que plantar a semente dia a dia e trabalhar esse processo para poder ser realizado. Se eu não pensar assim, talvez eu não possa ser treinador, já preciso pensar em recuar e não acelerar – finalizou.