Vitinho demorou a deslanchar na temporada. O primeiro gol veio somente no 82° dia do ano, contra o Fluminense, pela Primeira Liga. É bem verdade que, desde aquela partida, Vitinho vem marcando gols em todos os jogos. Já são cinco na corrida. Com a volta do Vitinho artilheiro surgiram também as goleadas do Inter. Nos últimos quatro jogos, o ataque colorado marcou 14 gols (ou 3,5 gols por partida). Uma vez mais ele será a esperança de gols do Inter no Gauchão. Principalmente neste sábado, a partir das 16h20min, no Beira-Rio, quando a equipe de Argel Fucks abrirá a fase semifinal contra o São José.
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Quando Vitinho ainda vestia a camisa 7, na base do Botafogo, já era apontado como um promissor atacante. Nas temporadas de 2011 e de 2012, passou o tempo todo entre idas e vindas, da base para o profissional. Foi somente no ano seguinte, com Oswaldo de Oliveira como treinador, e jogando com os veteranos Bolívar, Seedorf e Andrezinho, que ele se afirmou no time de cima. Durou pouco. Os gols e o futebol arisco logo o tiraram do Botafogo. Um jogo emblemático foi o 3 a 3 com o Inter, no Maracanã, quando Vitinho e Scocco marcaram dois gols cada. Por 10 milhões de euros foi vendido ao CSKA, em meio ao Brasileirão.
Jogando pelo Inter, já são 21 gols em 63 partidas. Passou boa parte da temporada 2015 na reserva. Foi com Argel que recebeu as melhores chances e que conseguiu se manter em alta. Para justificar a titularidade de Vitinho, logo que chegou ao Beira-Rio, Argel perguntava:
– Como posso deixar no banco o jogador que mais fez gols no ano?
ZH entrevistou sete personalidades ligadas ao futebol a respeito do camisa 11 do Inter. A seguir, as impressões sobre Vitinho.
Bolívar, ex-zagueiro do Inter e colega de Vitinho no Botafogo
"Quando Vitinho começou no Botafogo, já chamava a atenção porque você nunca sabia com qual pé ele iria bater. É ambidestro e chuta muito bem com os dois pés. Ele subiu em um momento importante porque tínhamos um time experiente. O Seedorf pegava ele após os jogos e nem deixava dar entrevista, para não perder o foco, para não se deslumbrar. Naquela época, já batia de fora da área, de tudo o que era jeito. Ele sempre teve esse chute forte. Nós, os mais velhos do grupo, tínhamos ele como um filho. Vitinho não tem vergonha de errar. Uma bola pode ir para fora do Beira-Rio. A outra, irá dentro do gol."
Andrezinho, meia do Vasco, ex-Inter e colega de Vitinho no Botafogo
"Se falava muito do Vitinho na base do Botafogo. Porque era o camisa 7, tinha a mística da 7 do Botafogo. Então, já se ficava de olho. No primeiro treino dele conosco, fiquei impressionado. Tinha uma qualidade enorme. Peguei Taison subindo, no Inter, com aquela velocidade toda. Em seguida, pego o Vitinho subindo: um moleque que dribla em velocidade, com as duas pernas. Isso é uma arma. Você vê Cristiano Ronaldo fazendo isso. Um dia disse ao Vitinho: 'cara, você está sentado em um baú de dinheiro. Quer morar na comunidade a vida toda ou ir para a Europa, para a Seleção?' Falei isso porque cobrava que ele tivesse regularidade sempre. Quando ele é regular, você vê pelo menos um gol por jogo. Ele bate com força, até quando a bola está colada ao pé. É algo dificílimo."
Oswaldo de Oliveira, técnico de Vitinho no Botafogo de 2013
"Apostei no Vitinho justamente porque vi essas virtudes (do chute forte, com ambas as pernas, e de qualquer distância) nele. Inclusive, ele me lembrava o Germano, ponta-esquerda que jogou no Flamengo, irmão do Fio Maravilha (e que ainda jogou no Milan, no Palmeiras e na Seleção Brasileira). Na perna em que a bola caía, ele batia bem. Eu sempre trazia os garotos da base para treinar com a gente no time profissional, quando vi o Vitinho. Ele ainda ficou um tempo descendo para jogar partidas importantes dos juniores, até subir para ficar de vez conosco. Foi uma aposta que deu certo."
Fabiano, ex-atacante do Inter
"Vitinho tem muita habilidade, é um jogador com uma técnica acima da média, e sempre pega bem na bola. É ambidestro, o que facilita na hora de enganar os adversários, pois tem facilidade para puxar a bola para outro pé e bater. Ele tem uma noção muito boa de onde a bola deve ir. Uma mira impressionante. E, no atual futebol brasileiro, quem bate com os dois pés faz uma diferença enorme. Vitinho também tem facilidade para ir de lado a lado da área, o que confunde a marcação. Ele me lembra muito o Rafael Sobis, que batia de todos os lugares. A torcida até reclama, nas vezes em que ele errava. Mas eu gostava da personalidade dele, quando dizia que tinha chutado para o gol e que o erro era do goleiro. Vitinho é assim também."
Nilson, ex-centroavante da dupla Gre-Nal
"É um grande finalizador. Está sempre em busca do gol. Algo que me chama a atenção no Vitinho é a valentia dele contra a defesa. Mesmo no Gauchão. Por vezes, ele enfrente defesas pesadas, que batem mesmo, mas ele segue jogando para cima, buscando enxergar o gol para chutar. Outra arma importante que ele possui é o chute de média distância. Hoje, você vê poucos jogadores arriscando de fora da área. Muitos têm medo de errar e de levar vaia da torcida. Um atacante não pode deixar de arriscar jamais. Vitinho é um atacante muito interessante e muito promissor. Caso siga evoluindo, chegará à Seleção Brasileira."
Jair, meia tricampeão brasileiro com o Inter
"Surgiu muito bem para o Inter. Esse menino tem uma técnica diferenciada, gosto muito do estilo de jogo dele. E acho que pode fazer ainda mais pelo time. Ele pode aprimorar o chute. Vitinho precisa aproveitar esse dom durante os 90 minutos. Não sei quantas vezes ele bate a gol em uma partida: quatro, seis, sete? Creio que ele poderia chutar mais e marcar mais gols. Tem todo o equipamento para isso: bate bem de fora da área, é destemido para chutar e tem faro de gol. Vejo o Vitinho na Seleção Brasileira em breve."
Christian, ex-centroavante da dupla Gre-Nal
"Vitinho é muito bom jogador. Começou de forma arrasadora no Botafogo, depois, não teve uma grande passagem pelo CSKA, onde é muito difícil jogar, devido à adaptação à vida na Rússia. O Inter fez bem em repatriá-lo. Ele arrisca muito de meia-distância, acho isso importantíssimo para um atacante. Por ser um jogador que também prepara as jogadas, não me parece ser um cara que fará 25 ou 30 gols em um Brasileirão, por exemplo, mas ele é uma peça muito importante para o Inter. Vejo o Vitinho com futuro na Seleção. Se o Inter trouxer um centroavante para a área, ele terá que mudar um pouquinho o seu jeito de jogar, o que acredito que fará com facilidade."
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