No segundo encontro do ano com a imprensa, na manhã desta terça-feira, a direção do Inter expôs os números do clube na temporada 2015 e projetou o ano seguinte. O presidente Vitorio Piffero e seus vice-presidentes atenderam aos repórteres e apresentaram os planos da gestão. Entre outros pontos, a direção afirmou que Vitinho deverá ter o contrato renovado ainda nesta semana, anunciou as contratações dos volantes Fernando Bob e Fabinho, e informou que a folha do futebol profissional foi reduzida para R$ 7,5 milhões.
Além disso, a direção aposta que terá um time melhor preparado para voltar a conquistar um campeonato nacional, admite que há uma negociação em andamento para a venda do goleiro Alisson e confirma que, se a Liga Sul-Minas-Rio não tiver a transmissão vendida para alguma rede de TV, o clube estará fora do torneio em 2016. A seguir, os principais tópicos respondidos por Piffero e pelos seus vices:
Prejuízo sem a Libertadores
A Libertadores dá prejuízo, é a frase do Bolzan (do presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior). A Libertadores te dá R$ 10 milhões e tem despesas equivalentes a isso. A receita financeira na Libertadores diminuiu. Não é à toa que sobrou para a Conmebol construir sede, hotel, etc. É claro que é bom estar na Libertadores. Mas vamos buscar outros mercados, tentar abrir o da China. É um projeto de longuíssimo prazo, algo como 10 anos. É um desafio de recuperar o faturamento, mas, da Libertadores, sobra muito pouco.
Folha
Estão terminando alguns contratos. Foram liberados 11 jogadores. E negociados, outros seis: Willians, Jorge Henrique, Caio, Nilmar, Wellington Paulista e Aránguiz. Também emprestamos 21 jogadores e contratamos oito. Alguns não renovarão contrato, como Lisandro, Léo, Nico, Dida e Juan. O Vitinho está em processo de renovação, faltam pequenos detalhes. A movimentação foi muito grande. A folha está em R$ 7.517.556. Não posso afirmar agora em quanto ficará a folha, mas, certamente não vai aumentar. Vamos ter recursos para trazer novos jogadores, com um mínimo de investimento inicial.
Alisson
No fim de fevereiro, o Carlos Pellegrini (vice de futebol) tentou começar a renovação com o Alisson. São quase 300 dias de tentativas. Não se pode dizer que o Inter não tentou. O empresário do jogador (Zé Maria), que tem 50% dos direitos (40% dele e 10% do Alisson), definiu que queria na renovação ou, na venda, receber os 40% dele. E colocou um valor proibitivo para o futebol brasileiro. A dificuldade imposta pelo empresário impossibilitou a renovação. Ainda que o jogador afirme que jamais sairá do Inter sem deixar uma retribuição financeira ao clube. Essa é a verdade. Isso conduz a uma negociação. Se ocorrer a negociação, será a de venda. Com o jogador ficando aqui mais um tempo. Não tem como comprar os 40% do jogador pelo que o empresário quer. Se fechar a negociação com o Alisson, fecha este ano.
Vendas de jogadores
Fernando Carvalho fez a frase: "Tem que vender ao menos um por ano". Eu mudei a frase: "Tem que vender dois por ano". Nesse período, o Inter só fez crescer. Somos formadores e vendedores de jogadores. Se fechar a negociação com o Alisson, fecha esse ano. Vendemos o Aránguiz, que ainda não estava pago. O caio também. O Alisson, se fechar a negociação, é 50% do Inter. O Inter é o ganhador de títulos do século fazendo isso: vendendo jogadores. Venda é solução, não é problema.
Balanço da temporada
Tivemos um aumento de 20% no faturamento com o marketing. As premiações dos patrocinadores podem chegar a R$ 2 milhões ao ano (bônus). Realizamos as campanhas do "Cada Um É Onze" e "Gigante de Vantagens". Ganhamos o Top de Marketing da ADVB na categoria esportes. Fizemos a internacionalização da marca. Fomos ao Festival de Cannes, ficando entre os oito finalistas dentre 12 mil cases. Tivemos um encontro na China, com proposta de negócio. Na Florida Cup, fechamos um contrato de três anos com a Disney. O futebol nos EUA já tem público médio de 35 mil torcedores por jogo. Todos os últimos campeões brasileiros passaram por lá nos últimos anos. Atingimos 112.756 sócios. Somos disparado o primeiro do Brasil e o primeiro das Américas em sócios. E o sexto do mundo, com uma receita anual de R$ 66.284.749. Aumentamos em 10% o quadro social neste ano. Em 2001, tínhamos 5.966 sócios. Fizemos 105 eventos consulares no ano, com um total de 45 mil pessoas nos eventos. Queremos todas as cidades do Rio Grande do Sul com pelo menos um sócio do Inter. E faltam apenas 13 cidades para que isso aconteça. Até outubro, o faturamento do clube foi de R$ 252.993.465. Tivemos uma redução de 27% no passivo. Vamos reduzir o déficit (é possível que caia de R$ 49 milhões, no ano passado, para cerca de R$ 20 milhões em dezembro).
Liga Sul-Minas-Rio
Quem fala sobre a Liga Sul-Minas-Rio é o Gilvan Tavares (presidente do Cruzeiro e ex-presidente da Sul-Minas-Rio) e o Alexandre Kalil (CEO da Liga). Jogar e Liga? E o Gauchão? Primeiro, queriam 19 datas. Não vamos abrir mão do Gauchão. Alguns clubes têm interesse em brigar com as suas federações e outros que não têm interesse em seus regionais. São clubes que tentam se unir, com objetivos bem diferentes. Até agora, não houve a sinalização certa sobre a contratação da transmissão por TV. Isso deixa sem recursos financeiros e, viver apenas da renda dos jogos, é pouco. Cada vez mais temos que reduzir o ingresso, devido á crise do país. Essa é uma grande oportunidade de criar um fórum de discussão, como se tinha no Clube dos 13. Está havendo uma reformulação do futebol brasileiro e a Liga Sul-Minas-Rio seria um caminho. Há ceticismo para 2016. Também não acho necessário começar o torneio daqui a 60 dias. É uma grande oportunidade, mas não estou vendo ela como muito fácil para 2016. Sem recursos e deficitário, não tem como jogar.
O Clube dos 13
Ainda estamos tentando finalizar o Clube dos 13. Alguns ficaram devendo, outros ficaram superavitários. Ainda estamos tentando finalizar. O Clube dos 13 foi implodido e explodido. A Liga Sul-Minas-Rio pode ser um novo embrião, mas não pode acelerar o processo mais do que der. Não vejo a necessidade de um minitorneio para 2016. Vejo a necessidade de ter uma liga e não ter a necessidade de jogar um torneio logo daqui a 60 dias.
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Os grandes títulos
Não lembro de um ano com tão poucas competições a disputar (Florida Cup, Gauchão, Brasileirão e Copa do Brasil). Ao menos, teremos tempo. Até maio, teremos como objetivo sermos hexacampeão gaúcho. O Inter não abre mão de buscar o Gauchão. Aí, teremos tempo para preparar o time para o Campeonato Brasileiro. Vamos ter essa facilidade de tempo. É compromisso buscar o Hexa e o Campeonato Brasileiro. Em 2005, nos tomaram o campeonato na mão grande. Em 2009, fomos vice do Brasileirão e da Copa do Brasil. Não estamos longe desses títulos nacionais. Temos que largar bem e temos prazo para isso. Batemos na trave três vezes em títulos nacionais nas minhas gestões.
Doping
A esposa do Nilton deu o shake para ele. E Wellington tomou também, pois eles ficavam no mesmo quarto. Eles assumiram a responsabilidade, com a esposa do Nilton. O Inter não tem nada a ver com isso e eles vão cumprir a pena de cinco meses, cada. Foi algo involuntário, ainda vamos recorrer para reduzir a pena. Não foi doping para aumentar rendimento.
Reforços
Vamos tentar reduzir a idade média do grupo. Estávamos muito divididos entre os jogadores mais jovens e os jogadores mais velhos. Fernando Bob e Fabinho estavam sendo monitorados há tempos pelo Inter, não foram pedidos pelo Argel, como se falou. Estávamos de olho neles desde o início do ano.
Empréstimos bancários
Parte da operação financeira (empréstimos bancários em um total de R$ 60 milhões) serviu para quitar dívidas com bancos. E eram taxas bem maiores das que pegamos agora. Com isso, 50% da nossa dívida foi amortizada, alongamos o pagamento da dívida e vamos pagar menos. Queríamos reduzir ainda mais esse custo, reduzir o passivo. Conseguimos um desconto de 27% no total da dívida, com taxas de juros menores ainda. Essa operação foi feita em 32 parcelas, das quais já pagamos três.
Jogadores da base
O Inter foi o clube que mais utilizou jogadores da base. O Inter continua sendo um clube que revela muitos jogadores da base. Nesse ano, não vendemos jogadores da base. O nosso trabalho na base está sendo excelente pela revelação de jogadores.
A volta de Clemer
Tenho um apreço muito grande pelo Clemer. Disse que ele tinha de sair do Inter para poder voltar ao Inter. Estamos sempre olhando o trabalho dele. Agora, assumiu o Glória, de Vacaria. Ele estava muito protegido aqui, na base do Inter.
Bob e Fabinho x volantes da base
Esses dois volantes têm características específicas e, por isso, foram contratados. Bertotto se lesionou, mas voltará a ter oportunidades. Assim como o Dourado teve chances e se firmou maravilhosamente. Fernando Bob e Fabinho não dificultarão a subida dos volantes da base.
Obras no complexo Beira-Rio
Estamos pedindo à prefeitura uma liberação para construir torres de até 85 metros de altura. Se abriu um precedente com o Barra Shopping e suas torres. Queremos, no mínimo, 85 metros de altura para construir. Mas isso é moroso. Somente para saber o nível do Guaíba, para as nossas obras no novo CT, demoraram 110 dias para nos responder.
Dívida em dólar com D'Alessandro
Há um comitê tratando desse assunto (D'Alessandro recebe reforços semestrais em dólar; quando o contrato foi firmado, porém, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 2,70, hoje, porém, já passou a casa dos R$ 4). Ainda estamos conversando com o empresário do D'Alessandro para chegar a um número. O assunto segue em negociação.
Inter na China
As maiores empresas do mundo em produção e em vendas estão lá. Eles têm uma das moedas mais fortes do mundo. Nessa linha, a China tem um pensamento muito grande para o futebol, mas está em cima de jogadores estrangeiros. O pensamento do governo é tornar os clubes chineses campeões mundiais em 20 anos. Fomos convidados a ir à China (em outubro) para conhecer o que eles estavam fazendo e, provavelmente, desenvolver um projeto em conjunto para o futebol chinês. Se um clube brasileiro faz uma parceria com um clube italiano, é o clube italiano que vai se sobressair. Já na china e nos Estados Unidos, nós temos uma importância muito grande. Estamos estudando um plano para apresentar a eles. Apresentaremos essa proposta aos chineses em breve.
* ZHESPORTES