O primeiro dos 10 jogos que poderão reconduzir o Inter à Copa Libertadores da América será disputado contra o Sport, neste sábado, a partir das 18h30min, no Beira-Rio. E o Inter tem um tema de casa a fazer: parar de sofrer gols de cabeça. Na Copa do Brasil, a eliminação para o Palmeiras chegou pelo alto. Dois cruzamentos para a área e o time de Argel Fucks disse adeus ao torneio.
Ainda que a especialidade do movediço ataque do Sport - agora treinado por Paulo Roberto Falcão -, de Maikon Leite, Hernane e André, não seja o cabeceio, Diego Souza, Durval e Matheus Ferraz são perigosos na bola aérea. O icônico Elias Figueroa foi o dono da área colorada nos anos 70. Para o antigo camisa 3 do Inter, nem só de zagueiros é feita uma artilharia antiaérea.
- Há uma questão primária para se evitar gols de cabeça: não permitir que ocorram os cruzamentos. E, aí, é responsabilidade dos laterais, dos meias e dos volantes. Se eles não colaborarem, a zaga ficará exposta - adverte Figueroa.
Diante do Palmeiras, no Beira-Rio, o gol de empate de Rafael Marques surgiu de um cruzamento pelo lado esquerdo, no qual Réver ficou estanque, olhando para trás e observando o atacante subir para cabecear - com Paulão ainda saltando às costas de Marques, na tentativa de evitar a conclusão.
- O zagueiro precisa olhar para a bola, mas, também, saber onde está o corpo do adversário. Ou o defensor salta com o seu corpo escorado no do adversário, ou tenta fazer de alguma maneira com que ele perca o foco da bola - alerta Figueroa. - Ouvi dizer até que havia zagueiros que cabeceavam a cabeça do atacante, para que ele errasse a mira na hora de concluir - acrescenta o chileno, aos risos.
Mas não foi apenas no jogo de ida contra o Palmeiras que a zaga colorada fracassou pelo alto. A vaga foi perdida por cima no Allianz Parque. No primeiro gol, Zé Roberto cobra escanteio, Vitor Hugo toma sem dificuldades a frente de Réver e cabeceia para fazer o 1 a 0. Antes, Nilton salta e não encontra a bola. Todo o esforço do Inter para empatar o jogo em 2 a 2 foi desperdiçado com o terceiro gol do Palmeiras. Outra vez de cabeça. Em cruzamento da direita, Réver corre e não pula, Dourado salta e não alcança a bola. Mas Andrei Girotto a encontra e desvia de cabeça. Meses antes, o Inter caiu em outro mata-mata com gols pelo alto. O Tigres marcou de cabeça em Porto Alegre e no México.
Don Elias Figueroa rodou o mundo com o Penãrol, com a seleção chilena e com o Inter. E é ele quem ensina uma vez mais: não é apenas a altura do zagueiro que faz a diferença (Réver tem 1m92cm de altura, Paulão tem 1m87cm, Ernando tem 1m84cm, Juan tem 1m82cm e o esquecido Alan Costa tem 1m94cm), mas, sim, o posicionamento na área.
- Marquei muitos atacantes altos. Quando excursionávamos para a Europa, sempre era difícil marcar os ingleses, acostumados com esse tipo de jogada pelo alto. Mas o mais difícil de impedir que cabeceasse era o Pelé. Ele não era alto (tem 1m71cm de altura). Para marcá-lo, eu precisava estar com um posicionamento perfeito, me antecipar a ele e, muitas vezes, até provocá-lo, para que se distraísse e perdesse a concentração no lance. Mesmo com tudo isso, nem sempre dava certo - finaliza Figueroa.
O Inter retomará neste sábado a corrida pelo G-4. Mas só terá sucesso se conseguir barrar os gols pelo alto.
Restam 10: os jogos do Inter no Brasileirão
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