O clássico Racing x Independiente faz tremer Avellaneda, na Grande Buenos Aires. É o azul contra o vermelho, como aqui. De um estádio avista-se o outro. Lisandro López viveu pouco tempo essa rivalidade. Mas o suficiente para deixar o nome.
No primeiro clássico, em 2004, fez um gol. No último, em 2005, dentro do El Cilindro, a casa do Racing, fez gol, subiu nas placas de publicidade e se atirou nos braços de quem estava na plateia VIP.
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Foram duas temporadas pelo Racing. Em 2004, acabou como goleador do Clausura, com 12 gols. Só que esse feito é menor diante das duas vitórias por 3 a 1 sobre o Independiente. Lisandro ainda morava na pensão do clube para os guris, no bairro de Caballito, quando despontou.
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Chegava ao treino na carona do Renault Clio de Gastón Casas. Era um acordo implícito. Casas chegou a Avellaneda trazido do Betis para ser o centroavante e a estrela do time. Recebia em dólares. Lisandro era a cria da base. Corria para servir o padrinho mais badalado.
- Em teoria, ele dava mais gols para mim - diverte-se Casas, hoje aposentado e organizador da seleção argentina de futebol society, aquela mesma da confusão em Natal envolvendo um sósia de Cannigia.
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Lisandro ascendeu no Racing pelas mão de um ídolo dos argentinos. Ubaldo Fillol, goleiro campeão do mundo em 1978, era o técnico da Academia em 2003. Chegou ao clube e se encantou com a velocidade e a força do jovem atacante. Colocou-o no time titular.
- Era brilhante. Jogava muito bem, atacante goleador, de temperamento. Considerava-o fisicamente perfeito - descreve Fillol, hoje treinador das categorias de base do River Plate.
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Tirado das categorias inferiores do Lanús dois anos antes, Lisandro era de falar pouco. Sempre foi introvertido e discreto. No Racing, concedeu poucas entrevistas e nunca abriu sua intimidade. Mas se mostrava um sujeito de bom trato. O típico perfil de quem vem do Interior para buscar a sorte numa capital do tamanho de Buenos Aires.
No caso do atacante do Inter, é Interior mesmo. Nasceu em Rafael Obligado, uma localidade essencialmente agrícola na província de Buenos Aires. Para se ter uma ideia do tamanho, o último censo, de 2010, apontou 950 moradores.
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- Lisandro nunca foi de abrir a vida privada, não gostava de entrevistas para rádios e TVs. Talvez pela origem. Aqui na Argentina, as pessoas vindas do Interior têm vida mais reservada, são distintas e amáveis - explica o jornalista Marcelo Martinez, um dos participantes do programa Esperanza Racinguista, há 21 anos no ar na rádio 1220 de Buenos Aires.
Depois do Racing, o atacante atravessou o oceano e começou a luzir entre os grandes na Europa. No Porto, passou cinco temporadas e saiu como ídolo. Teve como seu reserva no último ano o colombiano Falcao García, em espécie de passagem de bastão. Foi badalado como estrela, mas pouco os repórteres conseguiram saber muito de sua vida.
O máximo que descobriram foi um rápido romance com a apresentadora Marta Leite de Castro, uma bela portuguesa que colecionou namorados famosos. Do Porto, foi para o Lyon para substituir o ídolo Benzema, vendido ao Real Madrid.
Em Porto Alegre, Lisandro mantém a discrição e impressiona pela rápida adaptação. No campo, o trabalho feito com um preparador físico particular no Catar mostrou resultado. Fora dele, entrosou-se com os companheiros. Entrou para o grupo dos estrangeiros, mas mantém relação mais próxima com o uruguaio Nico Freitas.
Solteiro, mora sozinho em apartamento no bairro Bela Vista. Vez ou outra, um parente vem da Argentina passar alguns dias com ele. Lisandro diz aos mais próximos que tratará de montar família apenas depois de deixar o futebol. É quando voltará para Rafael Obligado para contar aos filhos sua história no futebol - e quem sabe no Gre-Nal.
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