Se Lisandro López mantiver a média de gols de sua carreira, poderá marcar o primeiro pelo Inter nesse domingo, em Pelotas, contra o Brasil. Aos 31 anos, dono de 418 partidas e 183 gols (média de um gol a cada 2,2 jogos), atuando por Racing, Porto, Lyon, Al-Gharafa e Inter, o atacante argentino já está à vontade no Beira-Rio.
Apesar de ter realizado apenas duas partidas vestindo vermelho e branco, ele espera realizar um sonho em Porto Alegre: disputar a sua primeira Libertadores. Para isto, Licha (o diminutivo de Lisandro para os argentinos) torce para que o Inter avance às oitavas de final do torneio. Somente assim ele poderá ser inscrito.
Nesta entrevista a Zero Hora, Lisandro conta que precisava se sentir em casa outra vez, após uma década de Europa e uma última temporada no Catar. O argentino conversa em bom português, conquistado nos anos de Porto, onde atuou com Anderson, mas que por vezes transforma o jeito em "cheito" e gente em "chente". Nada que impeça a boa compreensão ou que diminua o esforço do camisa 31 para conversar na língua local.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Você já se sente confortável em Porto Alegre?
Estou me sentindo bem. Ainda não conheço muito bem a cidade, mas estou sendo muito bem tratado. Os meus primeiros dias aqui estão sendo ótimos.
Atacante disse que estava com saudades de atuar na América do Sul
Foto: Carlos Macedo/Agência RBS
Por que atuar no Brasil a esta altura da carreira?
Saí do meu país há 10 anos para jogar fora, na Europa, depois, no Catar. Queria voltar outra vez para a América do Sul. Estava com saudades deste futebol e de estar perto da minha família. Saudades de sentir o futebol daqui. Brasil e Argentina sentem o futebol da mesma forma e queria isto outra vez. E estava há algum tempo com a cabeça voltada para a América do Sul.
Nilmar voltou do Catar falando em resgatar adrenalina. Você também?
Não foi esta a minha necessidade, tampouco foi isto que me fez voltar. No Catar, o futebol é completamente diferente, não tem torcida, não tem o calor humano, não tem a paixão. Os meus motivos para voltar foram outros. É verdade que o jogador gosta muito da torcida, de jogar neste ambiente bom, mas vim para ficar perto de casa outra vez, sentir o futebol sul-americano de novo.
Alex e Nilmar retornaram do Catar e tiveram alguma dificuldade para retomar o ritmo de jogo. Com você até agora foi diferente.
Lá o ritmo é outro, não há comparação. Mas eu estava treinando bem e só tive uma semana parado antes de vir para cá. Só precisei de alguns dias para jogar. Ainda não estou na minha melhor forma física. Mas o melhor ritmo de jogo só se adquire jogando. O meu corpo está se adaptando outra vez aos treinos puxados. Queria jogar logo, pois, você pode treinar muito, mas o ritmo, só jogando mesmo. Queria me adaptar logo dentro do campo e para poder conhecer o futebol brasileiro por dentro.
É curioso você jamais ter jogado a Libertadores. Está ansioso para, enfim, ter a sua primeira vez?
Joguei só um ano e meio como profissional no Racing (de 2003 a meados de 2005). E não participamos de nenhuma copa continental ou intercontinental. Estou torcendo muito para que o Inter passe às oitavas de final. Claro, depois dependerá do treinador e do clube me inscrever. Mas estou ansioso para conhecer a Libertadores.
Mas até mesmo o seu contrato é distinto e depende da classificação (vai até 1º de julho, porém, caso o Inter esteja nas oitavas, ele automaticamente será estendido até 30 de julho de 2017)
Sinceramente, nem estou pensando nestes primeiros quatro meses de contrato. Para mim, já são dois anos. Estou torcendo para que o Inter passe no Grupo 4 e que ganhe o Gauchão. O contrato se resolve depois.
Libertadores é o principal sonho do argentino
Foto: Carlos Macedo/Agência RBS
A torcida do Racing queria o seu retorno ao clube, gosta muito de você...
Gostava (risos)...
Eles ficaram chateados que você optou pelo Inter, em vez de retornar ao clube.
Se falou muito na Argentina sobre a minha volta. Gente do Racing saiu a falar na imprensa que eu tinha dado a minha palavra, que eu voltaria se o Racing passasse às oitavas da Libertadores. Gente que eu nem conheço disse isto e, claro, os torcedores ficaram magoados. Mas eu queria ter uma experiência nova, decidi vir para o Brasil. Também porque o Inter foi o único clube a me fazer uma proposta oficial. Mais adiante veremos se poderei voltar ao Racing. Tenho muito carinho pelo clube.
Você já se acostumou com o vestiário do Inter?
Sempre que chego a um clube, tento me adaptar rápido, para ter a confiança dos meus colegas e a do clube. Desde o primeiro dia, quero o melhor para o Inter, quero ser positivo, tentando estar próximo a todos, jogando e treinando. Isto ajuda a convivência e a uma adaptação rápida. Tudo está correndo bem. Mas é só o começo, espero que melhore mais.
Você disputará a sua terceira partida pelo Inter. Está ansioso para fazer o primeiro gol?
Vai chegar, vai chegar. O mais importante é ter mais minutos de jogo e me adaptar a um novo futebol. Ainda tenho muito para melhorar fisicamente. O gol chegará. Você sabe como são os atacantes: sempre ansiosos para marcar. Mas, te digo: o meu objetivo principal no momento é me entrosar com a equipe.
Sendo inscrito na Libertadores, há um jogo especial para você? Contra Racing, Boca, River...
Não há um jogo especial. Só quero muito estar na Libertadores, ter esta experiência para contar. Sempre pensei nisto depois que saí do Racing: preciso disputar uma Libertadores. Preciso jogar os torneios sul-americanos. É um sonho jogar a Libertadores, espero que seja esse ano já.
Lisandro falou sobre expectativa de jogar também o Gre-Nal
Foto: Carlos Macedo/Agência RBS
No começo da carreira, você ganhou destaque pelos gols que fez no clássico de Avellaneda, contra o Independiente. Você já pensa em um Gre-Nal pelo Gauchão?
Seria muito bom jogar e fazer gol. E ganhar. Estou iniciando a minha trajetória no Inter e espero fazer muitos gols aqui. E marcar em um clássico é muito melhor. Se vive um clássico de outra maneira, o jogo como um todo e, se puder marcar em um clássico, é ainda melhor.
Você chegou em um clube que tem um argentino (D'Alessandro) como um dos grandes ídolos e outro (Luque), que ainda busca afirmação. Como é conviver nesta mini Buenos Aires?
Conheço Andrés (D'Alessandro) há muitos anos, de convocações com a seleção argentina. Já Martín (Luque), eu não conhecia. Só de vê-lo pela televisão. São dois jogadores que têm me ajudado muito aqui. Conheço bem a história de Andrés no Inter. Torço para que ele siga em alto nível, aquele que o tornou ídolo no Inter. Martín tem um potencial muito grande. Espero que ele possa ter confiança para mostrar o jogador que é.
Como é atuar em um futebol cuja seleção vem de um trauma histórico, os 7 a 1 para a Alemanha?
A diferença entre Alemanha e Brasil não é esta. Mas, acontece. Como a diferença do Bayern de Munique para o Shakhtar não é esta dos 7 a 0 (na terça-feira, os alemães dizimaram os ucranianos com este placar, pela Liga dos Campeões). O Brasil jogava a Copa do Mundo em casa, o que gerou ainda maior repercussão. Uma goleada como esta ocorre quando um time perde a concentração, enquanto o outro se mantém 100% no jogo e aproveita cada falha para marcar. E a dimensão foi deste tamanho todo por ser tratar de um time do tamanho do Brasil.
Mas a Argentina fez frente à Alemanha, ficando com o vice-campeonato.
Verdade, mas cada jogo é diferente. É o momento. Há momentos especiais dentro de cada jogo. E a Argentina fez uma boa Copa do Mundo.
Você é casado, tem filhos? Essas tatuagens (uma em cada ombro, um M, no direito, e um ME, no esquerdo) são para quem?
Não sou casado, sou solteiro. E não tenho filhos. O M é de Miguel, o ME, é de Maria Emília, que são os meus pais.
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