O vídeo de Tiago Volpi retornando do México e encontrando a esposa e as filhas não demonstra apenas a volta para casa. Significa também estar no Rio Grande do Sul, onde se forjou como goleiro antes de alçar voos mais altos.
Ao assinar com o Grêmio, o goleiro de 34 anos atingiu um objetivo traçado aos 12, quando a família deixou Blumenau para viver em Santa Cruz do Sul e, por lá, deu seus primeiros passos no futebol.
No município do Vale do Rio Pardo, Volpi virou goleiro na escola. Depois passou pelas escolinhas de futebol do Avenida e do Santa Cruz, onde disputou a Super Liga Gaúcha de Futebol no sub-15, em 2005.
Geração de 1990 do Galo
O time sub-15 do Santa Cruz era treinado por Deive Bandeira, antigo gerente de mercado do Inter e atualmente na Eagle Football (SAF do Botafogo e outros clubes). Em campo, a equipe da geração de 1990 do Galo contava com outros nomes que tornaram-se profissionais, como o atacante Pedro Henrique Konzen (Ceará), o zagueiro Claudinho (Retrô) e o meia Gustavinho (ex-Brasil de Pelotas, parou em 2021).
Gustavinho lembra que, além da qualidade como jogador, Volpi sempre demonstrou uma força de vontade de chegar no alto nível.
— Quem viu o que ele plantou lá sabe o motivo de estar colhendo bons resultados. Sempre teve um mental muito forte — diz Gustavinho.
Além da parceria no gramado, Volpi e Gustavinho eram amigos fora dele e costumavam jogar videogame. Juntos, ambicionavam sonhos e conquistas, chegando até a comprar o mesmo carro quando atuavam por São José e Novo Hamburgo, respectivamente.
— Uma vez saímos juntos de Santa Cruz. Ele deu carona em um carro mais simples, me deixou no treino do Novo Hamburgo e foi treinar no São José. No caminho a gente falava sobre crescer e conquistar as coisas. Logo depois, ele comprou um carro Veloster. No ano seguinte, eu comprei um também — recorda o ex-meia.
Os laços familiares de Volpi também foram ampliados em Santa Cruz do Sul. Foi por lá que conheceu a esposa Ana Paula, com quem casou na Catedral São João Batista, tradicional ponto da cidade.
"Esse menino é muito bom"
Com 17 anos, Volpi rumou para a Capital e chegou ao time sub-20 do São José. Passou também por um empréstimo ao Fluminense, mas dois anos depois retornou ao Passo D'Areia para compor o elenco profissional.
Sem expectativas de sucesso na carreira, cogitou deixar o mundo da bola para trabalhar ao lado do pai, Laudir. No entanto, foi convencido por uma turma do São José a persistir. Entre eles o experiente Rafael Dal Ri, então titular do Zeca.
— O legal dele foi a perseverança. O pai queria que ele desistisse, mas graças a Deus que não desistiu e deu tudo certo. Eu pude ajudar também dando luvas para ele, pois na época eu já tinha patrocínio — lembra Dal Ri.
Volpi ficou no São José e fez sua estreia nos profissionais em 2010, em duelo contra o Inter, pelo Gauchão. Rafael Dal Ri sofreu uma grave lesão no tornozelo e foi substituído pelo garoto de 19 anos aos 18 minutos do primeiro tempo.
O novo goleiro do Grêmio só virou titular quando o mais experiente deixou o São José, em 2012. Ainda sim, permaneceu a amizade e as boas lembranças.
— Ele mostrava uma qualidade nos pés difícil de ter, muito diferenciada. Eu disse para o Noveletto na época: "Esse menino é muito bom. Só não vai jogar pois eu estou aqui". Agora seguimos amigos e é ele quem manda luvas para meu filho de 13 anos, que também é goleiro — comenta Rafael, que despediu do futebol em 2019.
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