A Justiça de São Paulo determinou nesta terça (13) a penhora do imóvel e do direito de superfície da Arena do Grêmio. Desde sua inauguração, em dezembro de 2012, o clube e a OAS, construtora do estádio, vivem uma relação conturbada, de altos e baixos. Em vários momentos desses pouco mais de 10 anos, a compra da gestão da Arena esteve próxima de ser sacramentada pelo Grêmio, mas o acordo já esbarrou em diversos obstáculos.
Em uma espécie de linha do tempo, GZH traz tópicos que relembram a conturbada relação entre os envolvidos na negociação. Confira:
Inauguração - 8/12/2012
Em 8 de dezembro de 2012, depois de seis anos de espera da torcida gremista, o Grêmio inaugurou sua nova casa. Na ocasião, jogou contra o Hamburgo e venceu por 2 a 1, relembrando a conquista do título mundial em 1983. A partida também ficou marcada pois André Lima comemorou um dos gols com uma homenagem a Kidiaba, goleiro do Mazembe, que eliminou o Inter do Mundial de Clubes de 2010.
"A Arena não é nossa" - 15/12/2012
Pouco antes de assumir o Grêmio mais uma vez, Fábio Koff concedeu uma entrevista exclusiva para Zero Hora e falou sobre a expectativa de pegar o clube em uma nova casa.
— Cabe ao Grêmio pagar a Arena. Como vamos quitar a dúvida é uma tarefa dos que vão administrar o clube. A Arena não é nossa. Vamos levar 20 anos pagando.
A Arena é do Grêmio - Parte 1 - 18/6/2013
Nesta data, Koff disse pela primeira vez: "a Arena é do Grêmio". A frase dizia respeito ao considerado sucesso nas renegociações com a OAS, que permitiram o Grêmio a projetar uma economia com o ônus pela construção do estádio.
Impasse - 15/5/2014
As negociações entre OAS e clube começaram a esbarrar em um obstáculo. O Grêmio não aceitava ceder o Olímpico em troca de uma Arena alienada a bancos que liberaram empréstimos para a sua construção.
A Arena é do Grêmio - Parte 2 - 14/10/2014
Entre junho e outubro, o presidente Fábio Koff costurou um acordo com a OAS para comprar os direitos de exploração do complexo. O valor seria de cerca de R$ 480 milhões, com a quitação em 20 anos. O Grêmio teria botado os seus direitos de TV como garantia no negócio, mas o acordo não evoluiu.
Acordo e nova esperança - 21/6/2015
O Grêmio conseguiu o aval dos três bancos repassadores do financiamento do BNDES para concretizar a compra da Arena. À época, a direção projetava para setembro, mês do aniversário do clube, uma espécie de reinauguração da casa tricolor.
Retirada das negociações - 31/3/2017
Devido a falta de andamento nas negociações entre as partes, o Grêmio, por meio de nota oficial, anunciou sua retirada da tentativa de acordo de compra da Arena. O clube, a partir de então, passou a adotar a postura de "aguardar as partes", para que eles assumissem suas responsabilidades com vistas ao acordo, incluindo as obras do entorno.
A volta das tratativas - 4/2/2019
Depois de quase dois anos, o Grêmio voltou a manifestar seu interesse de adquirir a compra da gestão da Arena. O principal obstáculo era o entorno do estádio gremista. À época, o presidente Romildo Bolzan Júnior fez questão de esclarecer que o clube havia retomado o protagonismo com as partes envolvidas nas negociações.
Prazo final - 15/9/2019
No dia da comemoração do aniversário dos 116 anos do Grêmio, Romildo mostrou otimismo nas negociações. Além disso, estabeleceu que o final daquele ano seria o prazo final para que a situação se resolvesse. Não foi o que acabou acontecendo.
"Não acredito mais em nada" - 18/3/2021
Com quase mais dois anos do prazo previamente estabelecido, a compra da gestão da Arena ainda não havia andado. Mesmo com o avanço das negociações — um acordo vinha sendo construído desde dezembro de 2020 —, o então presidente Romildo Bolzan não acreditava em solução até 2021.
— Não acredito em mais nada. Só depois de assinado. Se isto acontecer, o que não tenho mais certeza, somente no final do ano e com boa vontade, será possível trocar as chaves — disse à época.
Novo acordo - 9/4/2021
Grêmio, Arena e OAS, na data, haviam dado mais um passo em direção à compra antecipada da gestão do estádio por parte do clube. As partes chegaram a encaminhar um acerto na Justiça para recomeçar as obras do entorno do complexo esportivo, com o clube financiando as reformas. O acordo valia como uma garantia ao Ministério Público do RS, mas não resolvia toda situação entre as empresas e o clube. Para isso, era necessário selar o acordo que entregaria legalmente a Arena ao Grêmio e o Olímpico à OAS até o dia 7 de outubro. O OAS chegou a comemorar o acordo em nota.
Cobrança dos bancos - 29/8/2022
Uma ação de execução tramitava na 37ª Vara Cível de São Paulo desde junho. A petição era assinada por Banrisul, Banco do Brasil e Santander. As três instituições financeiras cobravam R$ 226,39 milhões por terem financiado a construção de parte do estádio.
A juíza Adriana Cardoso dos Reis, à época, determinou que a Arena Porto Alegrense pagasse os valores devidos. Caso não fosse realizada a quitação, de imediato, o oficial de justiça procederia à penhora e à avaliação dos bens (o que acabou acontecendo nos últimos dias).
Desistência da compra pela gestão passada - 18/10/2022
A gestão de Romildo Bolzan Júnior na presidência do Grêmio, que acabava em dezembro, afirmou que não iria concluir a compra da Arena até o fim da gestão. Isso ocorreria pelo fato de a negociação com a Metha (antiga OAS), construtora do estádio, não ter avançado o suficiente.
Justiça manda bancos escolherem bens - 13/12/2022
Atendendo pedido do Banrisul, do Banco do Brasil e do Santander, a juíza Adriana Cardoso dos Reis, da 37ª Vara Cível de São Paulo, determinou que as ações da empresa sejam penhoradas.
Os papéis foram avaliados em R$ 267 milhões e a dívida questionada é de R$ 226,39 milhões. Dessa forma, a magistrada determinou que as instituições bancárias indiquem quais bens dados como garantias serão penhorados, para que os demais não passem por leilão.
Bancos voltam a pedir penhora - 24/4/2023
As dívidas que a antiga OAS deixou com os bancos, por causa da construção da Arena do Grêmio, voltaram a ser questionadas na Justiça. Três instituições financeiras solicitaram novamente a penhora do estádio e de demais bens como forma de assegurar os valores devidos.
A ação impetrada por Banrisul, Banco do Brasil e Santander tramita na 37ª Vara Cível de São Paulo. A juíza Adriana Cardoso dos Reis havia determinado um prazo para que os credores estipulassem o que pretendiam penhorar.
Justiça determina penhora da Arena - 13/6/2023
Pouco mais de um mês depois de três bancos voltarem a pedir a penhora da Arena do Grêmio, a Justiça de São Paulo se manifestou a favor do pedido. A decisão foi divulgada nesta terça-feira (13). Banrisul, Banco do Brasil e Santander cobram R$ 226,39 milhões pela construção do estádio. O montante foi financiado pelas instituições para realização de parte da obra.