De 2019 para cá, grifes do futebol brasileiro como Cruzeiro, Vasco, Botafogo e Grêmio amargaram a queda para a Segunda Divisão. Nesse período, o Fortaleza se manteve firme na elite. Mais do que isso. Se infiltrou na parte de cima da tabela do Brasileirão e bateu recordes seguidos de faturamento, multiplicando em 11 vezes a sua arrecadação.
O adversário gremista neste domingo (13) deu este salto em um espaço de seis temporadas. Nos tempos de penúria da Série C, em 2017, o clube cearense amaleou R$ 24 milhões. O ano passado terminou com um faturamento de R$ 267,8 milhões, o maior da história de uma equipe nordestina. Uma realização R$ 126 milhões acima do orçado. O superávit foi de R$ 32,2 milhões.
O aumento do rugido do Leão do Pici coincide com a chegada de Marcelo Paz à presidência. Ex-diretor de futebol, o dirigente assumiu o cargo máximo em 2017. Seu trabalho se sustenta em três pilares. Os indicadores financeiros são a tradução da busca constante pelo equilíbrio nas finanças. Os resultados em campo refletem a preocupação na melhoria contínua da infraestrutura de treinamento do clube e também das áreas relacionados ao futebol. Por último, a profissionalização de todos os setores, com diminuição drástica de cargos políticos.
— O Fortaleza tem entrado no caminho de profissionalização já há alguns anos com dirigentes remunerados, com metas e objetivos, e com resultado em campo. Esses resultados trazem um caminho de retorno financeiro através de avanço em competições, premiações, competições internacionais, venda de jogadores e também num grande incremento do plano de sócio-torcedor do clube — detalhou o presidente Marcelo Paz, em entrevista no começo do mês.
A gestão de Paz assumiu o Fortaleza quando o clube se encontrava em um buraco de sete anos na Série C. No seu primeiro ano, subiu para a Série B e, na sequência, conseguiu o acesso, encerrando uma ausência de 13 anos na Primeira Divisão.
Os números superlativos explicam as razões de o Leão do Pici estar ombreando com os principais times brasileiros nos últimos anos. E o barulho do rugido do Leão do Pici deve aumentar. A projeção orçamentária em 2023 é de R$ 208,6 milhões. Também espelham o bom início de Brasileirão, com o sexto lugar na tabela de classificação.
Ainda que o crescimento financeiro seja exponencial, o Fortaleza está longe de contratar grandes nomes. A briga ainda é inglória contra os distintivos mais tradicionais do país. A alternativa é garimpar.
O garimpo é realizado pelo Centro de Inteligência. Criado quando Paz era diretor de futebol, a pasta monitora o mercado para obter o máximo custo-benefício na contratação de jogadores. Raras contratações chegam ao Pici sem o escrutínio do setor. O que faz com que jogadores sem sucesso com outras camisas se firmem com a do tricolor cearense. Do time que deve enfrentar o Grêmio na Arena, Tinga e Titi deixaram Porto Alegre sem deixar saudades para gremistas e colorados, respectivamente. Outro nome conhecido é Thiago Galhardo, transferido para o clube após atrito com o Inter. O centro do time é Caio Alexandre, trazido do futebol dos Estados Unidos.
O período de crescimento também esteve atrelado ao trabalho de dois treinadores. Rogério Ceni, responsável pelo retorno à Série A, e Juan Pablo Vojvoda, comandante das campanhas que transformaram o Fortaleza no primeiro clube do Nordeste a jogar a Libertadores em duas temporadas consecutivas.
Este é o tamanho de desafio que o Grêmio terá na Anrea.