Foram 307 dias afastadas dos gramados. Desde a vitória do Grêmio sobre o São José, na 11ª rodada do Brasileirão Feminino de 2021, a lateral Sinara estava longe dos campos. Na tarde daquele domingo, ela sofreu uma ruptura no ligamento do joelho. Foi substituída. Precisou passar por procedimento cirúrgico. Recuperou-se. E no empate em 1 a 1 com o Real Brasíla, pela 10ª rodada do Brasileirão de 2022, pôde voltar a jogar.
— É impossível não lembrar de tudo que a gente passou. Foi bem legal (a volta). As meninas todas quando viam a lista vinham falar comigo, me dar parabéns. Desde arrumar a mala, até pegar o voo, o café da manhã, parecia que era tudo a primeira vez que estava fazendo. A primeira viagem, o primeiro jogo. As gurias super apoiaram. Todo mundo olhava para mim e falava: "Está nas nuvens". Eu estava sorrindo de orelha a orelha. A minha última viagem tinha sido contra o Real Brasília, no ano passado, e tive a oportunidade de viajar para o mesmo lugar. É tão gratificante o que a gente sente que nem dá para explicar — resume a lateral gremista que entrou em campo aos 23 minutos do segundo tempo.
Mas até retornar aos gramados foi um longo caminho. Logo que sentiu o joelho, na partida contra o São José, não imaginou que poderia ser algo tão grave.
— Comecei a chorar, disse que não podia ser, porque não tinha doído tanto. Saí chorando, fiquei desesperada. Foi um momento bem delicado, bem difícil de aceitar. Desde a notícia, a gente já começou o pré-operatório. Depois, fiz a cirurgia em julho. Antes, tinha semanas que eu estava bem triste, era difícil de acreditar. Após a cirurgia, quando acordei da anestesia, foi uma nova Sinara, virei a chave e pensei "agora só depende de mim" — relembra.
Além do auxílio das profissionais do departamento médico do clube, a médica Juliana Pedroso e a fisioterapeuta Letícia Ribas, Sinara também contou com um apoio especial para o lado emocional: as colegas de time e os torcedores.
— Tive total apoio do grupo, da diretoria, a Le (Letícia Ribas) e a Ju (Juliana Pedroso) estiveram comigo todos os dias, nos bons e nos ruins. Tem meninas do ano passado que, inclusive, sempre foram essenciais, que eu chegava no vestiário e tinha que dar um abraço e bom dia para elas. Se eu não estava no treino, elas vinham falar comigo: a Jé Alves, a Kika, a Maglia, a Mai Mai, a Andreia. Elas sempre me deram um suporte surreal nessa questão de recuperação pós-cirurgia. A Mariza, ano passado, fez um gol e comemorou para mim. Sempre tive o apoio dos torcedores nas redes sociais, também. Postava o "aniversário do joelhinho" e a galera sempre apoiou — complementa ela, falando sobre o grupo deste ano, que renovou-se:
— Neste ano, quando cheguei, era um grupo novo e todo mundo apoiou. Elas ajudaram muito nessa reta final. Quando ia para o campo, não podia ter todo aquele contato, as meninas perguntavam se eu estava segura. Tive todo esse processo e sou muito grata tanto ao grupo do ano passado, quanto ao deste ano que também me apoiou muito. Daquele grupo, tem várias que me ajudaram. Desse grupo de agora também, da comissão também. O apoio da torcida e das colegas de time. Não me faltou nada para fazer uma recuperação perfeita.
Agora, a meta é preparar-se para ficar à disposição de Patrícia Gusmão para o restante do Brasileirão Feminino. Além disso, o título ainda é vislumbrado pelo grupo tricolor.
— Eu, como atleta, pretendo evoluir bastante para chegar no nível que eu estava antes ou até melhor, em alto nível, para poder ajudar o grupo sempre da melhor forma. Tivemos algumas rodadas com adversidades, mas vamos dar a volta por cima. Quero ser campeã com o Grêmio neste ano, e o Brasileirão é um objetivo nosso. O primeiro é classificar. A gente, como grupo, sabe o quanto precisamos melhorar, estamos conversando bastante para alinhar o mais rápido possível para conseguirmos a primeira vitória e embalarmos na competição, irmos passando de fase até o título.