Depois de somar apenas um ponto diante de Sport e Cuiabá na Arena, o Grêmio deixará Porto Alegre no começo da tarde deste sábado (9) para dois compromissos longe de casa. Neste domingo (10), às 16h, o Tricolor encara o Santos, na Vila Belmiro, pelo Brasileirão, em um confronto direto na luta contra o rebaixamento. A delegação irá de São Paulo para o Ceará, onde, na quarta-feira (13), às 20h30min, terá o Fortaleza como adversário, no Castelão. Serão dois jogos determinantes para definir os rumos do clube em um momento no qual a pressão sobre o técnico Luiz Felipe Scolari aumentou.
Se no começo da semana, depois da derrota para o Sport, a maior pressão tanto interna quanto da torcida estava em cima do vice de futebol Marcos Herrmann, o tom das críticas sobre Felipão aumentou após o empate com o Cuiabá, principalmente pela atuação ruim do Grêmio no primeiro tempo da partida.
Dentro do clube há questionamentos não apenas em relação ao desempenho, mas sobre o fato do treinador ter feito várias alterações tanto de nomes quanto táticas nas últimas partidas sem encontrar soluções. Há quem entenda que Felipão não demostra que poderá tirar o Grêmio desta situação. Pesa, ainda, o fato de alguns jogadores terem sugerido ao treinador uma mudança na forma de atuar da equipe, desejando um estilo mais ofensivo.
Felipão não escondeu após o empate com o Cuiabá o seu incômodo com o vazamento dessa conversa com os atletas e também sobre o desentendimento de jogadores no vestiário depois da derrota para o Sport.
— Quem faz e passa para vocês (imprensa), quem tem esse tipo de atitude, é cafajeste, porque nós não tivemos nenhuma situação diferente de todas que já vivi no futebol em 50 anos — reagiu o técnico.
Apesar da irritação, ele confirmou na sequência que houve um "problema de relacionamento" depois da partida contra os pernambucanos, tema de reunião na reapresentação do elenco, na última segunda-feira.
— O técnico faz a sua palestra e depois deixa os comandados conversarem porque nós tínhamos um problema de relacionamento que existiu depois do jogo contra o Sport. Depois voltamos e ouvimos algumas situações, onde colocamos outras determinadas situações que poderemos fazer isso ou aquilo — completou.
Pressão em cima do treinador e discussões entre jogadores são comuns no futebol, até mesmo em times que conseguem atingir o objetivo final na temporada. Ex-volante do Grêmio e dirigido por Felipão anos 1990, Luís Carlos Goiano alerta que não pode haver exageros no ambiente interno.
— Por um lado é bom, mas por outro é preocupante. Cobrar em cima de um jogo ruim para reagir é bom, mas precisa manter essa integração dentro de campo. Essa cobrança tem que existir para conseguir o resultado. Não pode é levar esse rancor para dentro do campo e cada um pensar em fazer a sua sem coletividade. É preciso manter o ambiente saudável. É fundamental nessa saída fora ter bons resultados — ressalta o ex-meio-campista, que avalia que o Grêmio tem entrado em campo intranquilo, e isso é algo que precisa ser corrigido para domingo.
— Todos imaginávamos que o Grêmio fosse ganhar os dois jogos em casa para hoje estar em uma situação melhor. Você projeta o resultado, mas no futebol não é assim. Faz parte do jogo, mas é uma situação preocupante, porque a cada jogo que passa sem atingir os objetivos a pressão aumentar e diminui a confiança. Você vê alguns jogadores sentindo a pressão, errando passes simples ou nervosos em algum lance. Personalidade é importante e tem que cuidar os exageros — completa.
Ex-goleiro campeão brasileiro em 1981 e treinador do Grêmio no começo dos anos 2000, Emerson Leão demonstra confiança na reação do Tricolor. Pela experiência e conhecimento que tem de Felipão, ele acredita que o treinador está convicto de estar no caminho certo para tirar o clube da crise.
— Entendo que nenhum clube gostaria de estar na situação do Grêmio. O clube e o futebol gaúcho como um todo merecem muito mais. Como chegamos a essa situação? Isso é uma somatória dos problemas anteriores que não foram solucionados. O Felipão se expôs ao retornar ao Grêmio. Ele tem vínculo de amor com o clube. Às vezes, o risco é muito grande, mas você se sente bem com esse risco. Alguns se propõem a isso. Por quê? Porque têm uma uma autoconfiança naquilo que podem fazer. Torço pelo Felipão e acredito nele nesse momento — diz Leão.
Se por um lado uma derrota na Vila Belmiro poderá agravar a crise no Grêmio, a vitória dará a possibilidade de o clube deixar a zona de rebaixamento depois de 126 dias entre os quatro últimos do Brasileirão.
Melhor cenário
Em caso de vitória
- deixa o Z-4 após 23 rodadas (ficará em 16º)
Pior cenário
Em caso de derrota
- Pode ficar a cinco pontos de sair do Z-4 (se o Juventude não perder para o América-MG) e cair para o penúltimo lugar (caso Bahia e Sport empatem seus jogos)