A goleada de 3 a 0 sobre o Vitória, que encaminhou a classificação do Grêmio para as quartas de final da Copa do Brasil, mostrou uma novidade na era Luiz Felipe Scolari. O volante Darlan foi titular pela primeira vez com o treinador e acabou sendo um dos destaques no Barradão. A boa atuação do jogador, de 23 anos, levanta nova discussão sobre sua titularidade no Tricolor.
Darlan havia jogado os primeiros minutos com Felipão no empate com o América-MG, quando entrou aos 16 do segundo tempo, depois de ter ficado no banco nos outros quatro jogos do treinador no Grêmio. É verdade que o volante já havia perdido espaço na reta final de Tiago Nunes no clube. Após ter testado positivo para covid-19, no começo de junho, ele foi utilizado em apenas duas partidas. Uma delas, por apenas nove minutos – a derrota para o Atlético-GO, na última do antigo técnico.
Os números comprovam o bom desempenho de Darlan contra o Vitória. O jogador acertou 66 dos 71 passes que tentou (maior passador da partida) e teve um aproveitamento de 80% nos lançamentos longos. Defensivamente também apareceu bem nas estatísticas, com três desarmes e duas interceptações. Para o representante da torcida gremista no programa Sala de Redação e colunista de GZH Alex Bagé, Darlan merece sequência na equipe.
— Toda vez que entra, o Darlan entrega uma regularidade acima da média na comparação com outros jogadores que atuam no meio-campo. Ele tem passe, ocupação de espaço o e antecipação na roubada de bola sem fazer falta. Ele é um jogador de qualidade rara, principalmente no passe. Por isso, a entrada dele melhora os companheiros. Um exemplo é o Jean Pyerre, que rende mais ao seu lado — analisa.
Apesar do bom desempenho contra o Vitória, Felipão não garantiu a permanência do jogador na equipe. Após o jogo no Barradão, o treinador até demonstrou um incômodo ao ser questionado se o jogador tem as características que ele aprecia em um volante.
—Se eu não gostasse do jogador (Darlan), ele nem teria jogado. Naturalmente, eu tenho alguma predileção por A ou B, ou pela forma de jogar. Quando eu acho que o jogador está pronto para jogar, treina bem, eu coloco na equipe. Então, é mais um jogador jovem que entra, tem boa participação e a gente pode dar mais chances em determinados encontros —explicou o treinador após os 3 a 0 em Salvador.
A verdade é que os volantes que o clube tem buscado no mercado apresentam características diferentes das de Darlan. Paulinho, Hernani e Júnior Urso são jogadores de maior força e menos toque de bola. Para o jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, que comentou a partida entre Grêmio e Vitória pelo Sportv, Darlan poderá ganhar a confiança de Felipão se mostrar competitividade em campo.
— Algumas vezes se cria um estereótipo sobre o treinador, mas que nem sempre se confirma. O Felipão foi campeão da Libertadores de 1999 com o Palmeiras com Rogério e César Sampaio no time. Ele tinha o Galeano, de mais força, no banco. Em 2012, mesmo com um time fraco do Palmeiras, usou o Henrique (zagueiro de origem) de volante porque sabia jogar. O Felipão busca o jogador competitivo. Se for competitivo, o Darlan vai jogar. Isso vale para o volante Darlan, para o meia Jean Pyerre e para qualquer um. O futebol atual exige competitividade. O De Bruyne compete, o Verratti compete. Então o Darlan e o Jean Pyerre precisam competir — compara.
Com Thiago Santos e Maicon no departamento médico, e Matheus Henrique na Olimpíada, Victor Bobsin, Fernando Henrique e Lucas Silva são os concorrentes de Darlan na disputa por duas vagas no meio-campo do Grêmio. Isso se Felipão não optar por uma escalação com três volantes diante do Bragantino, de boa campanha no Brasileirão. Aí serão quatro postulantes a três vagas na equipe.
Darlan contra Vitória:
Acertou 93% dos passes (66/71) e 80% das bolas longas (8/10)
- Venceu 67% dos duelos (4/6)
- Perdeu a posse apenas 8 vezes em 86 ações
- 3 desarmes
- 2 interceptações
- Não cometeu faltas
- Atuou 83 minutos
*Fonte: Sofascore
Darlan em 2021
- 21 jogos
- 1 gol
- 4 assistências