O técnico Tiago Nunes por muito pouco não foi demitido do Grêmio ainda no vestiário, logo após a derrota por 2 a 0 para o Juventude, nesta quarta-feira (30). Contudo, após uma longa reunião nos camarotes do Estádio Alfredo Jaconi, a direção entendeu que uma troca agora poderia causar problemas ainda maiores antes do jogo contra o Atlético-GO, no domingo.
O pós-jogo na Serra foi atípico. Tão logo o árbitro apitou o final do jogo, o presidente Romildo Bolzan Júnior, o CEO Carlos Amodeo e o vice de futebol Marcos Herrmann ficaram nas tribunas por aproximadamente 20 minutos, em uma espécie de "reunião emergencial". Ali, a permanência do treinador no cargo esteve por um fio.
Contudo, a cúpula preferiu ouvir Tiago Nunes antes de tomar uma decisão definitiva. Após descerem para o vestiário, os dirigentes tiveram uma conversa de aproximadamente 40 minutos com o técnico. Nela, o comandante foi cobrado e reconheceu a falta de efetividade do time no ataque, mas garantiu que acredita na sua capacidade de tirar mais da equipe nos próximos jogos.
Na avaliação dos dirigentes, o trabalho do treinador no dia a dia é bom, e a falta de resultados ocorre principalmente devido ao momento de transição pelo qual passa o clube após a saída de Renato Portaluppi, em maio, com uma mudança radical de perfil no comando do vestiário. Logo, a nomeação de um interino contra o Atlético-GO ou mesmo a escolha por um novo nome às pressas não iria surtir efeito em apenas quatro dias.
Por isso, a opção foi por dar uma última chance ao técnico. Com isso, a direção ganha também tempo para preparar uma troca, inclusive estudando opções no mercado, embora isso não vá ser admitido publicamente. Mas o fato é que apenas uma vitória com atuação convincente pode segurar Tiago Nunes no cargo.
Se o Grêmio optar no final de semana por uma mudança no comando técnico, o substituto deve ter um perfil diferente, menos tático e mais "gestor de vestiário", como era Renato. Na avaliação de várias pessoas com trânsito no CT Luiz Carvalho, Tiago Nunes melhorou a qualidade dos treinamentos em relação ao seu antecessor, mas não conseguiu substituir nem de perto o ídolo no quesito liderança, principal diferencial do antigo comandante.
Pesou também para o "fico" de Tiago Nunes a nova regra criada pela CBF — a pedido da maioria dos clubes (e contra a vontade do Grêmio) — que estipula o limite de uma demissão de técnico por equipe durante o Campeonato Brasileiro. Logo, a direção não quer "queimar um cartucho" com uma demissão unilateral. Desta forma, em caso de insucesso contra o Atlético-GO, a direção tentará construir uma saída em comum acordo.
Porém, se isso não for possível, ainda assim o treinador não resistirá ao sétimo jogo sem vitória e à incômoda lanterna do Brasileirão.