A derrota para o Athletico-PR, a segunda do Grêmio no Brasileirão, levantou o alerta sobre o desempenho da equipe, que já não havia jogado bem apesar da classificação com o empate sem gols com o Brasiliense, pela Copa do Brasil, na última quinta-feira (10).
Desde o título gaúcho conquistado sobre o Inter, em 23 de maio, o Tricolor teve apenas duas vitórias em seis partidas disputadas – uma delas na Recopa Gaúcha, sobre o Santa Cruz. Ainda que as ausências por covid-19 e convocações tenham atrapalhado a sequência gremista, Tiago Nunes tem a missão de recuperar logo o seu time para não correr o risco de um mau começo de Brasileirão comprometer o sonho do tricampeonato.
O Grêmio finalizou 10 vezes nos 90 minutos diante do Athletico-PR, mas em apenas uma foi no gol, o mesmo número do empate com o Brasiliense. Essas foram as partidas com menos chutes certos da equipe gremista sob o comando de Tiago Nunes. Por outro lado, o Furacão acertou o alvo quatro vezes. Já o time do Distrito Federal chutou três vezes certo na última quinta-feira. Ou seja, além de criar pouco, o Grêmio ofereceu oportunidades a seus adversários.
Ainda que a amostragem seja pequena, o comentarista do SporTV Sérgio Xavier Filho avalia que os últimos jogos deixam claro que há correções que precisam ser feitas de forma rápida para o Grêmio voltar a ter um bom rendimento.
— O jogo de domingo serve de alerta, sim, porque existem questões de mecânica de jogo que não foram apenas dessa partida, tanto defensiva quanto ofensivamente. Na parte defensiva, o Thiago Santos dá uma proteção aos zagueiros, mas existe um esvaziamento do meio-campo com esse recuo dele e a saída do Matheus Henrique. A projeção do Matheus é importante, mas tem gerado um espaço, onde o Athletico soube explorar — avalia Xavier, que aponta ainda uma dificuldade no Grêmio para atacar pelo seu lado direito.
— O Rafinha e o Luiz Fernando parecem não falar a mesma língua. Houve uma falta de coordenação entre eles, o que ficou claro com a melhora após a entrada do Vanderson, que oferece maior profundidade e também dá velocidade. Se tem um cara que não deveria sair do time é o Vanderson. Mas o que faz com o Rafinha? Bom, isso é um problema a ser resolvido — continuou.
Além do lado direito, o meio-campo do Grêmio ainda tem indefinição sobre quem acompanhará Thiago Santos e Matheus Henrique. No final de semana, Jhonata Robert ganhou a disputa com Jean Pyerre, que entrou apenas aos 38 minutos do segundo tempo. Para o técnico de futebol Antônio Picoli, a decisão gremista não significa que Tiago Nunes tenha perdido a confiança em Jean Pyerre, mas mostra que ele ainda está em uma fase de observar o elenco para ver com quem poderá contar em momentos mais decisivos da temporada.
— Não vejo como uma desistência em relação ao Jean Pyerre. O Tiago Nunes sempre jogou com meia, ele gosta de ter esse articulador. Mesmo sabendo da necessidade do resultado, vejo que ele ainda está avaliando o que tem no elenco. No Brasileirão, o nível sobe muito. Não dá para ter parâmetro por Gauchão e Sul-Americana. A exigência no Brasileirão é maior, ele precisa ver com quem poderá contar — opina.
Sobre a forma de jogar do Grêmio com Tiago Nunes, Picoli projeta que o treinador seguirá implementando mudanças aos poucos em relação ao que era feito por Renato Portaluppi.
— O Tiago gosta de que as equipes sejam objetivas, que procurem atacar bem e terminar bem as jogadas, mas que sejam organizadas defensivamente. Ele acredita muito que ser agressivo ofensivamente passa por uma estabilidade defensiva boa. O que o Tiago gosta de fazer não tem muita diferença em relação ao Renato. Ele não precisará destruir nada para impor sua ideia — completa.
O primeiro momento de oscilação do Grêmio sob o comando de Tiago Nunes surge quando se aproxima a reestreia de Douglas Costa, que até esteve na pauta para o jogo contra o Athletico-PR, mas acabou adiada. O clube ainda mantém o mistério sobre se ele será relacionado para enfrentar Sport ou Cuiabá ou se será mantido o planejamento de que a primeira partida da grande contratação da temporada ocorra na Arena.
Sem jogar desde fevereiro, Douglas Costa entrará na equipe aos poucos. A tendência é de que ele ocupe a vaga de atacante pelo lado direito, mas há também uma discussão sobre a possibilidade de o novo camisa 10 atuar como meia central. Para Antônio Picoli, Douglas Costa pode se adaptar a essa nova função pela qualidade técnica acima da média para o futebol brasileiro.
— O Douglas pode ser esse meia aqui no Brasil. Na Europa, talvez não, mas aqui, sim. Só que é um jogador que não vai disputar as 38 rodadas do Brasileirão, que tem os problemas físicos e vem de uma longa parada. Talvez até por isso o Tiago esteja fazendo testes, por saber que não contará sempre com o Douglas Costa — alerta.
A opção de ter Douglas Costa por dentro, porém, não agrada o jornalista Sérgio Xavier Filho.
— Douglas Costa por dentro não me parece ser uma boa. Ele é um cara rápido, com drible, e teria de fazer a recomposição pelo meio. Não me parece o mais lógico. Seria mais fácil colocar Douglas Costa e Ferreira, um em cada lado — argumenta.
O Grêmio terá agora dois jogos seguidos fora de casa, pelo Brasileirão — diante de Sport, na quinta-feira, e Cuiabá, no domingo. A volta para a Arena será no dia 23, contra o Santos. Ou seja, com três jogos no período inferior a uma semana, Tiago Nunes terá pouco tempo de trabalho no campo para fazer as correções na equipe.
Finalizações do Grêmio desde a final do Gauchão
*La Equidad - Sul-Americana
- Finalizações: 9
- No alvo: 2
Ceará - Brasileirão
- Finalizações: 11
- No alvo: 3
Brasiliense (ida) - Copa do Brasil
- Finalizações: 21
- No alvo: 12
Santa Cruz - Recopa Gaúcha
- Finalizações: 12
- No alvo: 6
Brasiliense (volta) - Copa do Brasil
- Finalizações: 9
- No alvo: 1
Athletico-PR - Brasileirão
- Finalizações: 10
- No alvo: 1
*Com o time de transição reforçado de alguns garotos do elenco principal
Dados: Sofascore