A série invicta e a distância para a final da Copa do Brasil criaram a ideia de que o Grêmio entraria de vez na briga pelo título do Brasileirão. Contra o Fortaleza, adversário do rodapé da tabela, desfalcado de 10 jogadores por conta de um surto de covid-19, o cenário era mais do que propício para alimentar este sonho. No entanto, o Tricolor não conseguiu sair do 0 a 0 na noite de sábado (9), na Arena Castelão.
Aliás, foi o 13º empate alcançado pelo time gaúcho, o que o deixa na condição de clube que mais vezes terminou com o placar igualado ao longo do campeonato — mais do que as 12 vitórias obtidas até aqui.
— Talvez do lado externo as pessoas não notam, mas a gente é cobrado o tempo inteiro para buscar o título. Temos a ambição de vencer todos os campeonatos. Passamos 160 dias sem uma folga semanal, então pedimos a compreensão de todos porque nunca vamos largar nenhum campeonato — comentou Paulo Victor, que completou sua centésima partida com a camisa gremista.
O goleiro, inclusive, foi um dos personagens da jornada deste fim de semana. Nem tanto pelas defesas, mas simplesmente pelo fato de ter entrado em campo.
Isso porque o titular Vanderlei ficou de fora até mesmo da viagem, assim como Kannemann, Jean Pyerre e Diego Souza. A eles, somou-se o lateral Diogo Barbosa, que ficou no banco de reservas, enquanto um time misto duelava na capital cearense.
O tema das preservações, porém, fez o técnico Renato Portaluppi elevar o tom durante sua entrevista coletiva.
— Não existe a palavra preservação aqui dentro. Vocês (repórteres) não sabem o que acontece no dia a dia, no CT. Jogamos uma partida dificílima na quarta-feira e, se os jogadores não estavam em campo hoje (sábado), é porque eu tinha um motivo. Vocês não têm a informação e eu não vou dar. Tenho dados científicos. Não vou ser maluco de botar o jogador para arrebentá-lo. Ninguém está poupando ninguém — esbravejou o comandante.
Um dos exemplos citados pelo treinador para justificar o seu argumento foi o jovem Pepê. Autor de um gol anulado, ainda na primeira etapa, o atacante esteve presente nos últimos 32 jogos da equipe.
— Se eu estivesse preservando jogadores, eu pouparia ele. Pelo contrário, ele quer jogar e eu quero que ele jogue. O jogador é pago para treinar e jogar — concluiu.
Reta final
Mas não é só pelo alto aproveitamento que Pepê chama os holofotes para si. Citado na imprensa portuguesa quase que diariamente por conta do interesse do Porto, o jovem atleta não tem sua permanência garantida até o final da temporada.
— Conversei bastante com ele, dei conselhos e ele concordou. Sempre procuro aconselhar os jogadores mais jovens. O que falei para ele foi: “calma, temos mais dois meses de competições importantes”. Depois ele senta com a diretoria e com seu empresário e se acertam. Não custa esperar, até porque estamos brigando por dois títulos. Ele é fominha, gosta de jogar. Tenho certeza que a conversa foi boa e ele está com a cabeça focada no Grêmio — confidenciou Renato.
E é bom tê-lo à disposição mesmo. Até porque a sequência de jogos será importante para definir os rumos do Tricolor no campeonato. Na próxima sexta-feira, a equipe visitará o Palmeiras, em uma prévia da decisão da Copa do Brasil. Depois, até o fim do mês, enfrentará três clubes do G-4: Atlético-MG, Inter, Flamengo.
— Esses jogos serão decisivos. Fazer projeção de pontos hoje seria a primeira forma de estar se iludindo. Como temos pela frente grandes clubes, que estão na ponta de cima, teremos muitos embates, com resultados se alternando. O que temos que ter é consciência do poderio do Grêmio e confiança no nosso trabalho — concluiu o vice-presidente de futebol Paulo Luz.
Portanto, pela ótica gremista, a briga continua. E não se fala mais em preservações.