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"Traumatizado" por episódios recentes, o Grêmio faz uma análise minuciosa sobre o comportamento extracampo dos jogadores estrangeiros que negociam com o clube. O objetivo é evitar novos casos de indisciplina, como ocorreu recentemente com Miller Bolaños e Michael Arroyo. A ideia é contratar atletas comprometidos com o time e sem histórico de baladas.
A cartilha já foi adotada na contratação do centroavante argentino Diego Churín, 30 anos, que estava no Cerro Porteño. Além de analisar as virtudes técnicas, a direção buscou informações sobre o extracampo do atleta. Ídolo do Grêmio e atual técnico do clube paraguaio, o ex-lateral Arce deu boas referências sobre o centroavante.
— (O Churín) Foi um jogador extremamente avaliado. O Arce me relatou características importantes. É bom cabeceador, bom finalizador, tem uma boa disputa de área e muita força física. E, principalmente, tem um ótimo comportamento. É um sujeito de uma grande índole, um cidadão. Ele já demonstrou nos primeiros dias que tem perfil de agregação e convivência. É um sujeito fraterno e solidário com seus companheiros — elogiou o presidente Romildo Bolzan Júnior, em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, nesta terça (27).
O técnico Renato Portaluppi nunca escondeu que não é muito simpático à contratação de jogadores estrangeiros em primeira passagem no futebol brasileiro, por conta do tempo necessário de adaptação. Além disso, em 2017, o treinador teve uma má experiência com os equatorianos Bolaños e Arroyo, que desagradaram por conta de episódios de indisciplina. No mesmo ano, passou pelo Tricolor o meia argentino Gastón Fernández, que não era considerado um atleta comprometido.
Nem Renato, nem a direção do Grêmio acreditam que os estrangeiros possuem um comportamento extracampo pior do que os jogadores brasileiros. Porém, no mercado nacional, as informações sobre noitadas e outros casos de indisciplina circulam muito mais rapidamente. O clube entende que, quando o atleta é natural de outro país, a investigação sobre o perfil do atleta precisa ser mais profunda.
No caso de Churín, as referências eram tão boas que não foi necessário nem convencer o treinador a dar o seu aval. O próprio comandante pediu a sua contratação.
— O Renato tem uma preocupação com a adaptação. Mas (o Churín) é um jogador que tem a cultura do futebol sul-americano. Ele disputou várias Libertadores e está acostumado com esse tipo de disputa. Depois de tantas observações, informações e consultas, o próprio Renato recomendou essa contratação. É um jogador que vem com o aval dele. E, no Brasil, fechou qualquer perspectiva de negócio. A única chance é o mercado do exterior — completa Romildo.
O Grêmio ainda negocia com o meia uruguaio Gastón Ramirez, 29 anos, que atua na Sampdoria-ITA.