Não é qualquer jogador que acumula quatro títulos do Campeonato Brasileiro no currículo — dois pelo São Paulo e dois pelo Cruzeiro. Justamente por isso, Humberlito Borges Teixeira, ou simplesmente Borges, foi um centroavante que ficou marcado pelos clubes onde passou. Apesar de não ter conquistado nada além de um Gauchão com a camisa do Grêmio, nutre grande carinho pelo torcida tricolor.
— Me sinto honrado de ter vestido essa camisa do Imortal Tricolor. Torço muito pelo Grêmio, de coração — contou o ex-jogador em entrevista ao GaúchaZH.
Atuou em Porto Alegre todo o 2010 e até a metade de 2011. Ajudou a equipe a conquistar o Estadual em sua primeira temporada no Rio Grande do Sul e garante ter ótimas recordações do jogo de ida da final, no Beira-Rio, em que marcou o segundo gol da vitória por 2 a 0 sobre o Inter.
Além disso, acompanha o ex-clube sempre que possível. Lamentou, inclusive, a eliminação tricolor na semifinal da Libertadores ao ser goleado pelo Flamengo por 5 a 0. Mas torce para que o Grêmio volte a vencer o torneio o quanto antes.
— Assisto aos jogos. Torci muito para o Grêmio na Libertadores. Infelizmente, acabou sendo eliminado pelo Flamengo, mas tenho um carinho muito grande pelo Grêmio. Sempre falo que é um dos grandes clubes que tive a honra e o privilégio de vestir a camisa. Torço sempre para o clube e quero que o Grêmio volte o mais rápido possível a ser campeão da Libertadores — ressalta o ex-centroavante.
Não há torcedor que tenha esquecido a dupla Jonas e Borges. Especialmente na temporada 2010, marcaram muitos gols jogando juntos e ficaram marcados na lembrança dos gremistas. Uma lesão, porém, tirou Borges da reta final daquele ano.
Na temporada seguinte, voltou bem e conversava com a direção gremista para renovar seu contrato e permanecer por mais tempo em Porto Alegre. Dois erros, no entanto, abalaram sua relação com a torcida: o primeiro, ao perder um pênalti contra o Inter, e o segundo ao ser expulso por agredir um atleta da Universidad Católica-CHI no duelo de oitavas de final da Libertadores de 2011.
— A minha vida mudou em uma semana em Porto Alegre. Existia conversa para renovar o contrato, eu estava muito feliz, mas infelizmente acontece na carreira coisas que a gente não consegue entender. Foi tudo muito rápido como aconteceu — relata o ex-jogador, que acabou aceitando uma proposta do Santos, no meio da temporada, e foi para o clube paulista.
— Fiquei muito mal depois de tudo aquilo. Mesmo que depois eu tenha feito gols e ajudado a equipe, me recuperado com a torcida, por ter trabalhado com o Muricy Ramalho já, eu optei por ir para o Santos e acabei sendo muito feliz lá — recorda.
De fato, no Peixe o centroavante Borges virou protagonista. Foi artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2011 e chegou a ser convocado para a Seleção. Depois, ainda passou por Cruzeiro, Ponte Preta e América-MG, onde encerrou a carreira em 2016.
— Estava já com 35 para 36 anos. Fui jogar no América-MG, jogamos o Campeonato Mineiro, e o clube estava há 16 anos sem conquistar o título, e tive a felicidade de ajudar a ser campeão mineiro. Depois, no Campeonato Brasileiro, nem terminei o primeiro turno. Sentei com a minha família, conversei e achei por bem que era o momento de viver a minha vida de uma outra forma — diz o ex-jogador.
Hoje, ele vive na Bahia, em uma cidade próxima a Salvador, sua cidade natal. Gerencia os bens que adquiriu enquanto jogador e aproveita a aposentadoria do futebol para curtir a família. Há quatro anos longe dos gramados, no entanto, sente saudade e cogita estudar para voltar ao meio que o consagrou.
— Nos dois primeiros anos, quase não vi futebol. Mas hoje confesso que sinto saudade do futebol, dos meus amigos daquele tempo, do momento de entrar em campo, de estar brigando por título. Tenho pensado, sim, em fazer algum curso de gestão ou de treinador, alguma coisa no meio do futebol, pelo menos para ver se é isso realmente que eu quero. De uma coisa eu sei: se eu virar treinador, vou ser muito chato — brinca Borges.