A vitória sobre o Hamburgo e o título Mundial em 1983 transformaram tudo em uma grande festa para os gremistas, fosse em Tóquio ou pelo Rio Grande do Sul. Na capital japonesa, logo após o apito final do árbitro Michel Vautrot, os abraços e choros de emoção tomaram conta do Estádio Olímpico de Tóquio. Enquanto isso, no Brasil, milhares de torcedores foram às ruas comemorar o maior título da história do Grêmio.
Os jogadores, dirigentes e torcedores que estavam no Japão reuniram-se no Tóquio Prince Hotel para um jantar de celebração. Claro que, depois da comemoração mais comedida, os atletas fizeram suas próprias festas: beberam espumante reunidos nos quartos, saíram para conhecer "a noite" japonesa e, os mais reservados, foram descansar.
— Essa festa é para os gremistas que ficaram no Brasil — disse o presidente Fábio Koff.
Em Porto Alegre, parecia que o Carnaval havia sido antecipado para aquele 11 de dezembro. O principal ponto de concentração foi a Avenida Érico Veríssimo, em frente ao prédio da Zero Hora, já que a festa era promovida pelo Grupo RBS.
"Apesar de ser madrugada, ninguém queria dormir. A cidade anoitecera insone diante da expectativa do título maior nos oitenta anos de glória tricolor. Antes e durante o jogo, muita tensão, muita ansiedade. Tudo isto estava sendo extravasado agora, no carnaval da vitória", publicou Zero Hora na edição extra daquele domingo.
Tinha gente de todas as idades pulando, cantando e gritando o nome dos jogadores do Grêmio que haviam conquistado o mundo horas antes. Foguetes podiam ser ouvidos de diversos cantos da cidade. E, conforme o jornal da época, "Porto Alegre não dormiu naquela noite".
— A festa foi uma loucura na Avenida Érico Veríssimo. No meio da comemoração gremista apareceu um colorado, com a camisa do Inter, e ele começou a ser jogado para cima pelos torcedores do Grêmio — relembra João Bosco Vaz, que era repórter da RBS TV à época.
As comemorações seguiram por dias. A delegação gremista ainda precisou passar por Los Angeles, onde enfrentou e venceu nos pênaltis um torneio amistoso contra o América-MEX. Os jogadores lembram que nem queriam o troféu conquistado nos Estados Unidos, porque o desejo era de retornar logo a Porto Alegre para comemorar com amigos e familiares.
— O De León não jogou essa partida e eu fui o capitão. Como terminou empatado em 2 a 2, oferecemos a taça para eles, mas o capitão do América se negou a receber. Fomos para os pênaltis e ainda ganhamos — lembra o volante China, que converteu uma das cobranças.
Na chegada a Porto Alegre, em 15 de dezembro, uma recepção digna de quem acabara de conquistar o mundo. A imensidão azul acompanhou os jogadores, que foram levados em um carro de bombeiros, do aeroporto Salgado Filho até o Olímpico, passando por diversas ruas e avenidas da Capital, em um trajeto que durou 2h30min. No estádio gremista, 30 mil torcedores esperavam os ídolos para festejar.
— Lembro que estava muito quente e mesmo assim aqueles torcedores foram correndo ao lado do caminhão onde estávamos. Passamos por muitas ruas e sempre tinha gente gritando e cantando para nós. Ver a cidade inteira pintada de azul, branco e preto foi extraordinário. Nunca vou esquecer daquele momento — diz o zagueiro Baidek, campeão da América e do Mundo pelo Grêmio em 1983.