Dois jogos, duas goleadas, sete gols marcados e apenas um sofrido. Assim o Grêmio espanta a eliminação para o Athletico-PR, na Copa do Brasil, soma pontos importantes no Brasileirão e se prepara para os duelos decisivos contra o Flamengo, em 2 e 23 de outubro, pelas semifinais da Libertadores. Mas além da postura, uma mudança no time do técnico Renato Portaluppi chama atenção: Diego Tardelli ganhou a posição de André.
A troca do último homem do ataque representa mudança no estilo do jogo do Tricolor. Com o antigo titular, a equipe explorava a presença de área do camisa 90. Agora, com novo dono da posição, a palavra de ordem é movimentação. Em entrevista após a vitória por 3 a 0 sobre o Goiás, domingo (15), na Arena, Tardelli falou que Renato pediu mais vibração à equipe.
— O Renato pediu para a gente ter uma intensidade maior, para chegar bem ao jogo da Libertadores. Esse é o ritmo, o jeito que o Grêmio vem jogando. Foi o que fizemos nesta partida (contra o Goiás), conseguimos controlar e pressionar. Esperamos que possamos ter esse nível contra o Flamengo — afirmou o camisa 9.
Observando os mapas de calor de Tardelli e André (veja abaixo), é possível notar as diferenças entre os dois atletas. O primeiro se mexe por todo o campo, caindo pelos dois lados, enquanto o segundo se posiciona mais centralizado.
— Tardelli faz ganhar em movimentação, o que ajuda a dinâmica dos outros setores do time. Ao se mexer, abre espaço para quem está ao lado, Everton e Alisson, e para quem vem de trás, como Jean Pyerre — avalia o comentarista do Grupo RBS Maurício Saraiva, que esteve na transmissão de Grêmio e Goiás pela RBS TV.
O analista tático Maurício Wiklicky, do portal MW Futebol, complementa:
— Além de dar espaços para os atacantes de lado e da troca de posições entre eles, Tardelli fez com que Jean Pyerre recuasse e chegasse de frente para o gol. Agora, Tardelli busca espaços e o Jean dá o passe. Com o André, era diferente. O Jean tinha de achar espaço para tabelar. O jogo do Grêmio, agora, ficou mais vertical.
Os números de gols de André e Tardelli são parecidos: cinco a seis. Claro, o antigo titular disputou 36 jogos na temporada e precisava, em média, de 385 minutos para marcar um gol, enquanto o novo dono da posição tem 30 jogos e uma média de um gol a cada 283 minutos. A principal diferença está no número de assistências. André tem seis e Tardelli, nenhuma.
— É difícil não analisar as estatísticas, porque atacante precisa ter bons números. Joguei nessa posição e sei como é. Mas o modelo de jogo do Grêmio não beneficia o centroavante fixo, que faz o pivô. O Tardelli pode se beneficiar bastante disso, porque ele sai da área, leva os zagueiros e abre espaços para os companheiros. O torcedor precisa entender isso — salienta o ex-centroavante Grafite, hoje comentarista do Grupo Globo.
O próprio Tardelli contou, após a vitória sobre o Goiás, que Renato pede para ele ficar mais próximo do gol adversário. Mas, por costume, ele acaba saindo para buscar jogo.
— Ele pede para eu ficar mais perto da área, para eu não sair tanto. Mas eu não consigo, é minha característica sair para os lados, me movimentar bastante. Está sendo bom jogar nessa posição, desgasta menos — relatou o atacante.
O técnico, em contrapartida, assegurou que ninguém é dono da posição e que ele está fazendo testes.
— A gente não pode ficar só no plano A, tem que ter um plano B e de repente um plano C. Já falei que vou testar alguns jogadores, até porque é um grupo qualificado e tenho dado oportunidade para todo mundo. Ninguém é dono da posição, ninguém é titular absoluto — ressaltou o comandante tricolor.
O certo é que, em alta, Tardelli deverá ser mantido como titular no comando do ataque. A esperança dos gremistas é de que ele retome aquele futebol que o transformou em ídolo no Atlético-MG e o levou à Seleção Brasileira anos atrás. Sem tanto vigor físico, mas com a parceria de Alisson, Everton e Jean Pyerre.
Mapas de calor na temporada 2019
ANDRÉ
Como é possível observar, André aparece mais centralizado no campo. O ponto vermelho, onde ele mais se colocou, é a posição de defesa do time, que mantém o centroavante centralizado para auxiliar no primeiro combate à saída de bola do adversário. Também aparece mais na área do que Tardelli.
TARDELLI
Tardelli se movimenta bastante e, por isso, os pontos vermelhos estão espalhados no setor ofensivo da equipe. Como substituiu Everton em alguns jogos, caiu mais pela esquerda, lado preferencial de Cebolinha. Mas, pela imagem, dá para notar que ele preenche mais espaços do que André.
Números na temporada 2019
TARDELLI
- 30 jogos
- 1.416 minutos jogados
- Um gol a cada 283 minutos
- 5 gols
- Nenhuma assistência
- 22 desarmes
ANDRÉ
- 36 jogos
- 2.308 minutos jogados
- Um gol a cada 385 minutos
- 6 gols
- 6 assistências
- 24 desarmes