
Douglas, enfim, está de volta. Após 503 dias de uma rotina ingrata para um jogador profissional, resultado de duas cirurgias para corrigir uma lesão ligamentar em seu joelho esquerdo, o meia participou de 85 minutos da vitória por 3 a 0 sobre a Chapecoense nesta terça-feira (26), válida pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro de Aspirantes. Na gelada noite no Estádio do Vale, o camisa 10 deu mostras de que está em boas condições físicas, mesmo que alguns lances tenham deixado claro a falta de ritmo.
Antes mesmo da bola rolar no Estádio do Vale, Douglas já era a grande atração. Enquanto os jogadores reservas saíram do vestiário para o aquecimento, a torcida se aproximou das telas para ver de perto o meia. Mas para a decepção dos gremistas, o jogador permaneceu mais alguns minutos no local para realizar alguns trabalhos especiais. Uma precaução necessária para evitar qualquer tipo de problema muscular.
Mas quando o público percebeu a saída do Maestro para o campo, uma comemoração, quase se fosse como um gol do Grêmio, tomou o ar do estádio.
– Douuugglaasss – gritaram os torcedores.
A resposta foi discreta, apenas um aceno rápido em direção aos gremistas que esperavam o jogador. Como se fosse um dos garotos, Douglas puxou a fila do aquecimento, fez todo o processo final de preparação para entrar em campo e voltou ao vestiário para colocar o fardamento oficial de jogo.
Quando reapareceu no gramado, Douglas estava com a faixa de capitão e, novamente, puxou a fila na entrada em campo. Aos 36 anos, e após 18 meses da primeira lesão no joelho esquerdo, sua carreira reiniciou.
O juiz apitou o início da partida, e o meia estava de folga ao seu habitat. Aparentando estar em boas condições físicas, Douglas repetiu a movimentação que tinha no esquema montado por Roger Machado em 2015. Enquanto o time não tinha a posse da bola, ficava mais adiantado, ao lado do centroavante Luís Henrique. Com a bola, estava livre para se movimentar e criar as jogadas de ataque.
O primeiro passe, uma tentativa de lançamento para Alisson, não deu certo. O lateral adversário antecipou a jogada e roubou a bola. O segundo lance também não foi preciso, lançamento muito forte para Pepê. Mas aí, aos 13, sua cobrança de falta acabou em gol para o Grêmio após bate e rebate na área da Chape. Kaio aproveitou a desatenção da defesa catarinense e marcou.
A vantagem no placar abriu os espaços do campo para Douglas. Sem desperdiçar energia, o meia se posicionava nas costas dos volantes adversários para armar o jogo. Em diversos momentos, seus piques também eram para ajudar a pressionar algum jogador do time da Chape na marcação.
As chances mais perigosas criadas por Douglas saíram em lances do bolas paradas. Além dos cruzamentos precisos em faltas laterais e escanteios, a principal atração da noite também ameaçava em boas finalizações em faltas frontais.
Luís Henrique e Alisson aproveitaram as suas oportunidades e ampliaram o placar para o Grêmio ainda no primeiro tempo.
Na saída para o intervalo, Douglas ouviu o carinho do torcedor das arquibancadas e agradeceu com um aceno em direção para os cerca de mil torcedores que faziam festa no Estádio do Vale.
Com a goleada, o Grêmio voltou para o segundo tempo sem tanto ímpeto ofensivo. E como a Chapecoense não tinha forças para ameaçar uma recuperação na partida, o ritmo caiu. Douglas teve pouco trabalho.
Um pouco mais de corridas para fechar espaço, menos oportunidades de passes para criar chances de gols. Thiago Gomes fez três trocas, e a expectativa dos torcedores fazia com que muitos se esticassem para tentar observar o número na placa do quarto árbitro. Mas o 10 não foi chamado.
Só aos 41 minutos, a festa da torcida foi para valer. Jean Pyerre entrou no lugar de Douglas, muito aplaudido pelos gremistas no Estádio do Vale. Após 503 dias, o Maestro está de volta.