O departamento jurídico do Grêmio contesta a decisão do Juizado Especial Criminal, que suspendeu de forma cautelar cinco torcidas organizadas — Geral e Jovem, pelo lado gremista —, já com vigência para o clássico Gre-Nal deste domingo, na Arena, pelas quartas de final do Gauchão. Na avaliação de Nestor Hein, diretor jurídico do clube, a decisão tomada no sábado à noite limitou o direito de defesa.
— Recebemos uma tocaia jurídica. Às 23h30min, sem possibilidade de interpor um recurso hoje, veio uma decisão cautelar, não se ouviu a parte contrária. Os torcedores que promoveram distúrbios devem ser punidos na forma da lei. As torcidas organizadas que promoveram desordem devem ser punidas da forma da lei, mas com dosimetria. Na final da Libertadores, foram lançados sinalizadores, até um rapaz que tinha asma entrou em coma. A punição ocorreu. Depois, por um bumbo e uma faixa em Abu Dhabi, há a replicação da mesma pena por uma gravidade muito menor. Obviamente devemos punir infratores, ninguém quer ver violência. Mas este tipo de decisão é quase um desaforo. Quem prolatou essa decisão imagina que vai diminuir a tensão, mas muito pelo contrário. A punição tem que ser adequada à ofensa. É importante a moderação e direito de ampla defesa — observou, em entrevista ao programa Domingo Esporte Show, da Rádio Gaúcha.
Hein afirmou que a relação com o Juiz Marco Aurélio Martins Xavier, titular do Jecrim, está comprometida.
— Doutor Marco Aurélio tem se manifestado antecipadamente sobre os processos que ele vai julgar. Reitero, as punições devem acontecer aos responsáveis, o Grêmio não tem nenhum compromisso com erros dos torcedores, mas as coisas têm que ocorrer de forma clara. Esse quase fanatismo do magistrado, a quem eu respeito muito, mas as coisas estão virando uma questão pessoal. Está virando uma briguinha entre torcidas organizadas e o magistrado. Para que isso seja resolvido, precisa haver severidade, mas simetria — completou.