Por Adriano de Carvalho e Luís Henrique Benfica
Com 17 participações no torneio, só uma a menos do que o recordista São Paulo, não falta rodagem ao Grêmio pelos quase sempre tortuosos caminhos da Libertadores. O jogo desta quarta (25), contra o Barcelona-EQU, que abre a etapa semifinal da edição deste ano, registra a terceira passagem do time pela calorenta Guayaquil, cidade de 2,2 milhões de habitantes, o principal porto equatoriano. A quarta, se considerado o jogo de 2012, pela Sul-Americana. E, o melhor, o saldo é positivo. São dois empates e uma vitória.
Guayaquil está na memória do torcedor pela campanha de 1995, o ano do bi. Foi lá a arrancada na semifinal daquele ano, na tarde de 10 de agosto. O adversário era o Emelec, já conhecido da fase de grupos. Ardilosos, os equatorianos marcaram o jogo para o meio-dia, quando o sol castigava com maior intensidade a cidade. A sensação térmica era muito maior do que os 32ºC da hora da partida e, como Luiz Felipe Scolari havia previsto, a estratégia do adversário foi imprimir uma correria nos minutos iniciais do jogo.
O atacante Eduardo Hurtado chegou a chutar uma bola na trave de Danrlei, mas o primeiro tempo se encerrou sem gols. Também cansado, o Emelec diminuiu o ritmo na parte final, o Grêmio segurou o empate sem gols e garantiu a vaga na final com o placar de 2 a 0 no jogo de volta, no Olímpico.
— O calor era tão grande que o Banha (ex-massagista do clube, morto em 2009) botava copinhos d'água na beira do campo para a gente tomar. Era terrível. Tínhamos de parar para dar uma respirada depois de um pique — recorda Arilson, que formava o meio-campo com Dinho, Goiano e Wagner Mancini naquele dia.
Também consultado sobre aquela partida, o técnico Roger Machado, então um jovem lateral-esquerdo, diz que alguns lugares onde atuou pelo Grêmio já lhe escapam da memória. Recorda, porém, do comportamento da torcida e diz que o time nada deve temer fora de campo.
— Não há hostilidade nenhuma. É uma torcida muito parecida com a torcida brasileira. É ruidosa, faz festa e pressiona o adversário desde o início do jogo — diz.
Dinho voltava ao time naquele 10 de agosto. Havia cumprido suspensão no jogo anterior, contra o Palmeiras, por ter sido expulso na briga generalizada do histórico 5 a 0 do Olímpico. Passados 22 anos, o ex-volante diz não ter lembrança mais forte do jogo. Mas está convencido de que é possível voltar com vitória.
— Com todos os titulares em campo, o time joga diferente. E é preciso tirar proveito do fato de que o Barcelona não joga tão bem em casa quanto fora — opina.
O Grêmio saiu vencedor na única vez em que enfrentou o Barcelona de Guayaquil no Estádio Monumental Isidro Romero Carbo. Foi em 2012, pelas oitavas de final da Sul-Americana, quando o time treinado por Vanderlei Luxemburgo bateu os equatorianos por 1 a 0, com gol do zagueiro Werley. Personagem central daquela vitória, o jogador, hoje no Coritiba, dá um depoimento diferente de Roger Machado e relembra o clima de pressão nas arquibancadas.
— Na chegada ao estádio, tivemos que nos abaixar no ônibus, já que a torcida deles tinha a fama de jogar pedras. Me recordo que naquela partida tinha quase 60 mil pessoas, o estádio estava lotado, a pressão era absurda — lembra.
O gol de Werley saiu em uma jogada de bola parada, ao final do primeiro tempo. Após cobrança de falta do meia Elano, o zagueiro subiu alto para desviar do goleiro Banguera _ que será titular do Barcelona na noite de hoje.
— Entramos bem concentrados, nosso time era experiente. Controlamos bem o começo do jogo. Quase levamos um gol e aquilo serviu para nos alertar. Depois de 10 minutos, o jogo igualou e passamos a ter mais posse de bola— conta.