
E se Luan vestiu mesmo a camiseta do Corinthians? O que muda? Será que o fato de ele ter torcido para um time na adolescência dele altera sua forma de jogar? Vou me aventurar a responder: não, claro que não. Só mesmo quem pensa com a cabeça de torcedor pode ter imaginado que um jogador profissional de um dos maiores clubes do Brasil e, consequentemente, do mundo, poderia ser contaminado por uma preferência de um tempo em que nem imaginava o que seria na vida. Aliás, olhando para Luan, tem-se a certeza de que não imaginava outra coisa a não ser jogar bola e curtir a idade com os amigos.
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É comum o torcedor cobrar do ídolo usando como ponto de partida os princípios pelos quais ele é norteado. Quem fica na arquibancada se esquece do alto grau de profissionalismo do futebol. O jogador hoje é um atleta de alto nível e, como tal, recebe salários desse patamar. É justo que receba. Afinal, são os jogadores que fazem funcionar uma indústria bilionária. São eles as estrelas de um espetáculo planetário.
Em 20 anos como jornalista esportivo, entrevistei e tive contato com uma infinidade de jogadores e atletas de outras modalidades. Todos tinham como característica comum a competitividade. Está no DNA deles buscar a vitória, ir ao limite pelo resultado. O ambiente em que vivem acaba incutindo neles esse espírito. Portanto, pensar que Luan se lembrou dos seus dias de corintiano ao bater o pênalti é uma bobagem sem tamanho. Faço uma pergunta: será que quando ele marcou seus 13 gols neste ano e participou de 60% dos gols do Grêmio em 2017 estava pensando no Corinthians?
A publicação da foto de Luan com a camiseta nas redes sociais no dia seguinte à perda de um pênalti justamente contra o Corinthians foi de uma crueldade sem tamanho. Mas, mesmo nos maiores deslizes, recebemos como prêmio a chance de refletir. E penso que esse episódio oferece ao jornalismo esportivo a oportunidade de pensar um pouco o seu lugar nestes dias de redes sociais sem limites e fanatismo fora de controle.