É fácil gostar. É muito comum detestar. O catarinense Douglas, 34 anos, não é unanimidade, Nunca foi, jamais será.
O meia canhoto, toque refinado, passe correto, preciso, mas sem boa conclusão, nem faz questão ser. Não é um jogador político, capaz de oferecer uma entrevista a cada intervalo de partida.
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Douglas fala pouco nos microfones, fala quando quer. Ninguém sabe o que ele pensa, se é inteligente ou não, se está conectado ao mundo real ou se vive na mesma ilha da fantasia frequentada por 90% dos jogadores brasileiros.
Douglas não está nem aí com a torcida e com quem fala dele no estádio ou na rua. Quando vai bem, tem lampejos de grande jogador. Quando fracassa, é lento e está cima do peso. O jogador vive nos extremos dos elogios e das críticas.
Douglas chegou ao Grêmio como fama de ex-jogador, aposta de Felipão, um técnico datado. Foi adotado por Roger Machado, que o reinventou. Abriu um sistema tático ao meia, que recebeu um posto estratégico no time. Vestiu-se de atacante, atua também como meia, recompõe o meio, cerca, combate. Faz vários papéis em uma camisa só. Nem sempre bem. Às vezes ele é lento. Outras, mortal.
Seu decisivo gol contra a LDU, em Quito, foi de centroavante legítimo. Entrou em diagonal, na grande área, evitou os zagueiros e estufou as redes. Ele é homem de múltiplas funções.
Douglas se dá bem com Luan. Aparecerá mais ainda ao lado de Miller Bolaños. Terá dois jogadores colaborativos, instintivos ao seu lado. Mas não será unanimidade. Quando fizer um grande jogo, gols e passes, ganhará as palmas da Arena. Quando não, quando algo sair errado, será perseguido pela vaia.
Douglas não vive na média. Ou faz tudo ou some. Douglas é o clássico meia do passado, mas que consegue sobreviver bem no futebol contemporâneo. Ele encanta e deprime. Mas é um jogador que vale a pena ver e ter ao seu lado. Quando ele está inspirado, o pé esquerdo em dia, ele será o melhor em campo. A camisa 10 servindo como uma luva.
Douglas não oferece dois caminhos. Há os fãs. Há os anti-Douglas. E não é que às vezes eles conseguem conviver como se fossem um só.