Muitos times sofrem com a falta de um goleador. Luiz Felipe Scolari, neste começo de temporada, tem dois. O que deveria ser uma solução pode se transformar em um problema para a montagem da equipe do Grêmio. É melhor turbinar o ataque e jogar com Barcos e Moreno ou deixar uma das duas estrelas no banco e correr o risco de uma crise? As opiniões se dividem.
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Numa emergência, sim. Como regra, não.
O mais contundente argumento contrário a dois centroavantes no Grêmio é um paradoxo. Barcos e Marcelo Moreno, juntos, somaram 29 gols no Brasileirão. Portanto, se no futebol ganha quem marca mais gols do que o adversário, e Felipão tem dois dos principais goleadores do país a sua disposição, não há problema, e sim solução. Falso. Barcos e Moreno empilharam gols jogando separadamente. Um no Cruzeiro, outro no Grêmio. Tinham um time inteiro que lhes entregava a escritura da área, tanto da Arena quanto do Mineirão. Outros podiam entrar e sair, mas como arrendatários. O dono daquele pedaço de terra era um centroavante.
Com tempo, um tempo que não existe no nosso calendário, talvez Barcos e Moreno se entrosassem e levassem o Grêmio ao Olimpo. Há grandes fracassos e façanhas para todos os esquemas táticos e combinações de jogadores na história. Mas é raro com dois camisas 9 de referência. Grandes equipes, sobretudo na Europa, tem se dado bem até sem nenhum, adotando atacantes rápidos que se revezam na área. Gosto da ideia do 9 à espreita do goleiro, que prende zagueiros e impede o adversário de avançar suas linhas só de medo daquela figura mítica. Numa emergência, como exceção, dentro de circunstâncias específicas, dois centroavantes podem funcionar. Como regra, não. Pelo que fez ano passado, Barcos deve ser o titular. Se Moreno não fizesse gols naquele time do Cruzeiro cheio de garçons, francamente.
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Não há como começar com um deles no banco.
Não há como abrir o Gauchão com Marcelo Moreno ou Barcos no banco de reservas. Com toda restrição para contratações e as perdas inevitáveis por conta desta necessidade, o time gremista não pode prescindir dos dois atacantes entre os titulares. Eles são parecidos, sim, o que não impede o esforço de tentar fazer com que atuem juntos. O conflito que se estabeleceria na hipótese de um dos centroavantes deixar a equipe prejudicaria o ambiente e não seria certeza de mais velocidade. Barcos terminou 2014 como goleador do Grêmio. Marcelo Moreno foi bicampeão com o Cruzeiro. Quem é que sai?
O Grêmio só terá seu primeiro jogo grande quando enfrentar o Inter. Até lá, sobra tempo para que Moreno e Barcos se entendam. O ideal é que houvesse um atacante de velocidade ao lado de um deles. Hoje, Marcelo Moreno seria escolhido para ficar no time. Porém, vale mais insistir para que os dois experientes e consagrados atacantes comecem a falar a mesma língua que, aliás, é o espanhol. Barcos, argentino, Moreno, boliviano. Enfim, nem sei se o ditado existe, mas o princípio é indiscutível: em tempos de estiagem, não se joga água fora.
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Um terá de sair para o bem do time.
Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar espaço, é lei da Física que não faz concessões nem mesmo ao futebol. Quando se discute se uma equipe admite dois atacantes, é indispensável considerar as características de cada jogador. Um atacante veloz, que ataca pelos lados, combina muito bem com outro que seja mais posicionado. Entretanto, são mínimas as possibilidades de que produza bons resultados uma dupla de atacantes de estilos iguais. São os casos de Marcelo Moreno e Barcos. Ambos são jogadores de boa estatura física, fortes e de pouca movimentação. Ambos flutuam bem no centro do ataque e próximos dos zagueiros adversários. É inevitável que acabem se atrapalhando se ocuparem, ou tentarem ocupar, o mesmo espaço do ataque.
Para evitar a superposição, tenta-se deslocar um deles para o lado com a incumbência de atacar vindo de trás. A orientação até pode ser atendida mas por contrariar a vocação tática do jogador, ele acabará apresentando produtividade inferior à que teria jogando de acordo com as suas características. Marcelo Moreno e Barcos, um deles terá que sair do time para que seja contemplado o fundamento de uma equipe de futebol segundo o qual é preciso ocupar todos os espaços do campo. Se dois jogadores se movimentarem no mesmo lugar, obviamente sobrará espaço. Quem deveria jogar? Acredito que Marcelo Moreno seria mais contributivo do que o seu concorrente argentino.
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É cedo para abandonar a ideia dos dois juntos.
Considero muito cedo para abandonar a ideia de dois atacantes. Primeiro porque as possíveis reposições são inferiores a Barcos e Marcelo Moreno. E depois porque mesmo que o Grêmio não tenha feito uma boa partida domingo, em Cascavel, Barcos teve uma boa movimentação pelo lado esquerdo no primeiro tempo, justamente na etapa em que a dupla de atacantes jogou junta. Não vejo em Paulinho, Everton ou Everaldo uma solução melhor em relação a Barcos e Moreno. Porém, mais adiante, quando Giuliano voltar, aí sim, Felipão ganhará em qualidade e poderá montar outro esquema, possivelmente adiantando Luan.
O desentrosamento apresentado nos primeiros testes é natural para um início de temporada. E o desempenho dos dois atacantes em 2014 serve como crédito para seguir apostando na dupla. O argentino teve em 2014 o seu melhor desempenho até agora. E Marcelo Moreno ressurgiu no cenário brasileiro através da excelente campanha do Cruzeiro. Caso Felipão opte em jogar com somente um deles, certamente ele terá um deles desgostoso e será mais um problema para administrar. E talvez seja mais fácil buscar um melhor entrosamento entres os dois do que tentar administrar algum descontentamento.
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