Independente de ele ser o escolhido ou não por Vanderlei Luxemburgo para adentrar o Estádio Olímpico em fila, com os pequenos gremistas nas mãos, Anderson Pico estará feliz. Depois de quatro anos, está novamente no clube que o revelou e que tanto gosta. Com a negociação praticamente fechada para permanecer até o final de 2012, o lateral-esquerdo quer agarrar a chance de fazer sucesso novamente, mas desta vez manter a cabeça no lugar e conquistar espaço no Grêmio.
Em 2008, Pico surgiu como boa revelação da base gremista. Destro, atuava pela esquerda e podia desfrutar do seu chute potente. Marcou também por conta do arremesso lateral que conseguia colocar em distâncias consideráveis. Mas o sucesso o deslumbrou, ele próprio admite em entrevista exclusiva ao L!NET. E as baladas começaram. Logo depois, subiu de peso. Agora de volta, já perdeu 10kg, em um esforço muito elogiado pelo diretor executivo Paulo Pelaipe.
- Muito falavam que eu era boêmio, que eu gostava do samba, da bebida, de sair, do meu peso. Mas eu era atleta como todos os outros. Só que me deslumbrei com tudo o que chegou e eu não tinha - contou Pico.
Reintegrado aos poucos ao time do Grêmio, Pico pode ganhar uma chance no próximo domingo, por mais surreal que isso pareça. Depois de rodar por Figueirense, Brasiliense, Juventude e São José, voltou ao Olímpico. Não treinaria com o grupo. Pediu uma chance para o diretor executivo Paulo Pelaipe, com quem se comprometeu a ser exemplar. E foi atendido.
- Sei que poucos me dariam essa chance que o Paulo Pelaipe está me dando, sou muito grato a esse cara. Podem falar mal dele pelo Brasil, mas para mim ele é um segundo pai - destacou o jogador.
Primeiro, o dirigente disse que não poderia o colocar em separado para não sofrer problemas judiciais. Depois, foi amenizando o discurso, afirmando que Vanderlei Luxemburgo não conhecia o jogador, e ia o observar. Assim, tudo culminou com uma surpreendente presença nos concentrados para o confronto com o Flamengo.
Mais comprometido, com a família ao lado, Pico, de apenas 23 anos, promete um outro comportamento neste retorno ao Grêmio. Sabe que esta é sua última chance de brilhar entre os grandes do futebol brasileiro. E não quer deixar passá-la, mesmo que ela venha na velocidade de um dos seus chutes.
Você renova até o final do ano com o Grêmio, isso procede?
Anderson Pico: É, eu ainda não renovei o contrato de fato, mas procede. Essa nova chance é muito importante para mim. Vou ficar até o final do ano, só não está fechado ainda, estamos tratando essa questão, meu procurador está vendo.
Como você se sente retornando ao Grêmio, onde se formou?
AP: Estou muito feliz com essa chance. É o clube onde eu me criei. Não sei ainda quem vai ou não jogar no domingo, posso ter chance com a lesão de alguns colegas, com a situação do Fábio Aurélio, mas estou muito feliz já de estar no grupo. Se eu tiver a chance, vai ser muito bom. Estou com outra cabeça agora, falavam que eu era boêmio, que gostava do samba, da noite, da bebida, mas eu era atleta como os outros. Só que me deslumbrei com o que conquistei e ganhei, com o que chegou e eu não tinha antes. Agora estou com a cabeça boa, outro pensamento em relação ao futebol.
Você voltou aos poucos ao grupo. Isso foi importante?
AP: Sei que poucos me dariam essa chance que o Paulo Pelaipe está me dando, sou muito grato a esse cara. Podem falar mal dele e tudo mais pelo Brasil, mas para mim ele é um segundo pai. Ele conversou comigo, acreditou, eu me comprometi que não faria mais nenhuma coisa errada, tenho uma série de compromissos com ele, e vou cumprir, estou rodeado de gente importante para mim. Mas o que foi importante foi a minha cabeça, meu caráter, e ele ter acreditado em mim.
É sua última chance?
AP: É isso, é minha última chance, eu sei disso, tenho essa noção. Ninguém me daria novamente essa possibilidade de jogar. Mas o Pelaipe acreditou que eu mudei, acreditou no meu caráter e no meu comprometimento, e eu fico grato.
Qual a importância da família nisso tudo?
AP: Eu estava começando a minha família naquela época. Estava com a minha mulher, estava começando a constituir minha família. São eles que me ajudaram quando eu rodei por esses clubes, onde eu não me firmei, fiquei para baixo mesmo, triste por isso. Mas eles me ajudaram a buscar voltar para esse grande clube que é o Grêmio, para tentar repetir 2008 aqui.
Como se sente, já que a chance pode vir no fim de semana para ser titular?
AP: Se eu vou jogar ou não depende da minha semana. É isso que o Luxemburgo vem dizendo para todo mundo. O que adianta eu treinar mal durante a semana de jogo e ele me colocar para jogar? Vou dar meu melhor para se a chance chegar eu estar pronto, vou estar. Mas é ele quem decide essas coisas, não sei o que vai acontecer. Novamente, eu estou feliz só de estar no grupo de novo.