Quando o árbitro Jean Pierre Lima apitar o início do Gre-Nal, às 17h no Beira-Rio, 12 dos 22 jogadores em campo devem viver o ambiente do clássico pela primeira vez. A queda colorada para a Série B fez com que uma das maiores rivalidades do Brasil fosse arquivada por um ano.
O Inter, mandante na última rodada da fase de grupos do Gauchão, é quem tem mais estreantes. São pelo menos oito – com o agravante da defesa inteira –, se o técnico Odair Hellmann apostar no time com Nico López para o lugar de William Pottker. Caso o titular da posição tenha condições de jogo ou o treinador opte por Marcinho no setor, o número chega a nove. O que não diminui a força para o time da casa, segundo Edenilson.
– É bom ter muitos estreantes. Quem nunca jogou tem a fome de vencer. Quem já jogou e ganhou pode até se acomodar por conhecer o gosto da vitória, mas a gente não. Queremos construir uma história e temos o exemplo do D’Ale, que, nestes jogos, é mais importante ainda – acredita o volante gaúcho, que terá no clássico Gre-Nal 413 sua primeira vez no maior confronto do Estado.
Na equipe de Renato Portaluppi, a projeção é de que o time titular tenha quatro estreantes. Madson, Cortez, Cícero, Jael ou Hernane Brocador terão a primeira oportunidade de enfrentar o maior rival do Grêmio em um Gre-Nal. Arthur, que ficou como opção no banco de reservas no empate em 2 a 2 do ano passado, também tem a chance de fazer sua estreia no clássico.
– Tive uma conversa com os jogadores que chegaram por último antes do treino de sexta-feira. O adversário não entra com 15 jogadores no Gre-Nal, não vale seis pontos e o gol deles não vale dois. É um jogo normal, que vale três pontos e que é muito difícil de disputar. É nas grandes partidas que vemos os grandes jogadores. A rivalidade existe, sempre vai existir – afirma Renato, que estreou como jogador em Gre-Nais em 3 de agosto de 1982, no clássico 260 (vitória de 2 a 0 do Tricolor).
Para ajudar a turma que nunca esteve em um Gre-Nal, Zero Hora conversou com experientes no confronto:
O conselho de quem já passou pela situação:
Christian
"Devido à importância do jogo e à rivalidade dos dois clubes, uma das coisas importantes é passar segurança ao torcedor. Sabemos que o clássico é muito pegado, aguerrido. É preciso passar a imagem que está ligado. O importante é entrar concentrado e passar a imagem que está querendo vencer. Para quem está estreando, é sempre importante deixar uma boa impressão. Essa é a dica: fiquem espertos, atentos no jogo os 90 minutos. Aqui, um clássico pode definir a passagem do jogador pelo clube".
Um dos maiores goleadores da história colorada, com 98 gols marcados. No Inter, disputou 10 jogos (cinco vitórias, duas derrotas e três empates). No Grêmio, esteve em nove partidas (uma vitória, um empate e sete derrotas).
Índio
"É controlar muito a ansiedade. Desde quando a gente é contratado, vem para o Sul, sabe da importância do clássico. A semana é diferente, todo mundo para. A gente sabe que, quando ganha, tem uma semana diferente até o próximo jogo. Quando perde, até andar na rua é muito complicado. Tem que estar ligado 110%, atento. Uma falha pode decidir o jogo".
Multicampeão com a camisa colorada. Jogou uma década no Inter e disputou 15 clássicos (oito vitórias, três empates três derrotas).
Tinga
"A minha relação era direta, cresci vendo isso. Era colorado, mas tentei jogar no Grêmio. Meu primeiro Gre-Nal foi no 5 a 2 para o Inter, no Olímpico, com show do Fabiano. Para quem está estreando, é ter consciência da importância dele para a carreira no Sul. A grandeza, é a maior rivalidade do Brasil, entre os 10 maiores do mundo. E saber que isso define a tua paz dentro do clube. Tu janta ou não depois do jogo. No empate, janta. Com a derrota, é pedir pizza em casa. E nem pegar na porta".
Campeão de duas Libertadores pelo Inter, jogou 10 clássicos pelo Grêmio (quatro vitórias, três empates e cinco derrotas) e sete pelo Inter (duas vitórias, três empates e duas derrotas).
Mauro Galvão
"É um jogo com muita expectativa. Além do campeonato, tem um duelo direto com teu rival. É uma partida que vale por duas. É nervoso, agitado e tenso. Precisa ter condições de entender o contexto do clássico e não entrar na pilha. Disputar o jogo com intensidade, disposição, mas não passar do limite. A parte emocional é tão importante quanto a técnica".
Um dos maiores zagueiros da história do futebol gaúcho, Mauro Galvão participou de 29 Gre-Nais. Vestiu a camisa do Inter 24 vezes, com oito vitórias, 10 empates, seis derrotas e três gols marcados. Pelo Grêmio, entrou em campo cinco vezes: uma vitória, três empates e uma derrota.
Walace
"Eu tive essa pressão por estar subindo para o profissionais, mas sei que quem entra em campo vestindo a camisa do Grêmio sabe todo o peso que carrega um Gre-Nal, o quão pode ser diferente pelo clima do jogo. Mas o fundamental é que a cabeça esteja no lugar para fazer um bom jogo".
O volante foi a surpresa que Felipão armou para a disputa do Gre-Nal 402. Promovido da base, o jogador se destacou pela capacidade de incorporar o espírito que o torcedor gosta de ver. Em oito clássico, venceu duas vezes, empatou três e perdeu outras três.