
A Seleção Brasileira é de impressionar.
Mesmo esta, trôpega, 22ª no ranking da Fifa, herdeira de três anos quase perdidos desde a Copa de 2010, que ainda tenta encontrar um rumo amanhã, diante da França, na Arena do Grêmio.
Apesar deste contexto nada animador, ainda atrai os olhares do mundo por onde passa. No começo da semana, eram por volta 700 os profissionais de imprensa credenciados a acompanhá-la.
Quando a bola rolou para o treino no CT Parque Gigante, eles somavam um pequeno exército potencial nas cercanias de Neymar e seus companheiros: mais de mil.
Claro que não estavam os mil à beira do Guaíba. Até por que, se todos lá estivessem, teríamos problemas. O pavilhão improvisado para receber os jornalistas honrou o nome. De tão improvisado, ameaçou cair. O repórter Mauro Naves teve que repetir algumas gravações por um motivo inusitado. O chão de madeira tremia. A imagem tremulava, e sabe como é o padrão Globo. Melhor fazer de novo.
Além de Mauro Naves e da horda de brasileiros, havia alemãs de olhos azuis, espanhóis com barba por fazer servindo de tradutor para emissoras francesas e japoneses concentradíssimos até na roda de bobinho dos jogadores, com computadores plugados em televisores e fones de ouvido gigantes.
- Onde está o Thiago? - me perguntaram em espanhol.
Era um integrante da TF1, emissora de TV da França, preocupado com a ausência do zagueiro que é celebridade no Paris Saint-Germain. De fato, não se avistava Thiago Silva com as águas do Guaíba imóveis ao fundo. Vem a informação oficial: poupado. Nada grave.
Mas voltemos aos mil. Multiplique cada um deles por seus leitores, ouvintes, internautas e telespectadores e aí está o encanto que o Brasil é capaz de produzir mesmo jogando mal a tanto tempo.
A Avenida Beira-Rio, que fica acima do nível do gramado e permite uma visão de camarote, lotou. Adolescentes passaram a tarde gritando por Neymar. Que animação. Relatos indicam que nem em Goiânia se viu algo parecido. Além das neymarzetes, centenas de anônimos viram o treino. Muitos gremistas e colorados. Fardados. Juntos.
Nada indica que o Brasil vá deslanchar, mas ninguém coloca a mão no fogo por esta sentença. E se Neymar deslanchar? Deve ser por isso que havia tanta gente no treino. Nós, brasileiros, pela crença no renascimento, quem sabe a partir de amanhã. Os outros, para conferir se o vulcão seguirá adormecido.
Nos dois casos, o resultado é o mesmo: a Seleção é de impressionar.