
Do antigo Mineirão, inaugurado em 1965, foi preservada apenas a fachada, intocável por ser patrimônio histórico-cultural do Brasil. Dentro, os mineiros estão gastando R$ 695 milhões para tornar o estádio um dos mais modernos do país.
O interior do estádio, que em 1997 abrigou o público recorde de 132.834 torcedores assistindo ao Cruzeiro sagrar-se campeão mineiro diante do Villa Nova, agora, ingressa na fase final das obras para a reinauguração em 21 de dezembro, com capacidade para 65 mil lugares - todos sentados em cadeiras, conforme manda a Fifa. As obras já chegaram a 78% de conclusão.
As arquibancadas estão prontas, a geral foi reconstruída e ampliada em direção ao campo, e o Mineirão agora tem 80 novos camarotes, em um total de 2,1 mil lugares VIPs. Nas superiores, espaço para quase 3 mil jornalistas. A fim de permitir uma boa visão do campo de qualquer lugar do estádio, o gramado foi rebaixado 3,4 metros - antes, o Mineirão tinha alguns pontos cegos, dependendo da localização do torcedor. A drenagem a vácuo, uma das exigências da Fifa, para que o gramado esteja em boas condições de jogo, caso haja uma chuva forte ou torrencial, começou a ser instalada. A grama só será plantada depois que as sete gruas deixarem o campo - o que deverá ocorrer até o final de outubro.
Os guindastes tratam de instalar a cobertura do Mineirão. Aqui, um destaque à parte. São 176 eixos, pesados braços de aço, a sustentar o teto do estádio sobre as arquibancadas - o gramado não será coberto. A manta da cobertura é formada por 6 mil placas fotovoltaicas. Elas captarão o calor gerado pela luz do sol e o transformarão em energia para abastecer o estádio e 1,2 mil residências do bairro da Pampulha, onde fica o Mineirão. A sustentabilidade do estádio contempla ainda o reaproveitamento da água da chuva, que será utilizada nos vestiários e para a irrigação do gramado, suportando até três meses de estiagem.
Além da preocupação do projeto com o meio ambiente, há a causa humanitária na reforma do estádio. Dos 2,9 mil trabalhadores envolvidos com a obra, 12 são refugiados haitianos que deixaram o país após perder a casa e a família no terremoto de 2010 - também há entre os operários 22 apenados do regime semiaberto de Belo Horizonte. Entre os haitianos, há um jornalista, um engenheiro mecânico e um professor. Pessoas que não tinham capacitação para trabalhar na construção civil, mas que fizeram cursos e conseguiram emprego junto à Minas Arena. Na obra, eles trabalham na fixação das cadeiras nas arquibancadas, uma função mais simples, que não necessita grande experiência.
- Um de nossos empreiteiros identificou este grupo por meio de uma ONG. Muitos deles perderam a família no terremoto. Apostamos que o novo trabalho no Mineirão possa lhes devolver a esperança de um futuro melhor - comenta Ricardo Barra, presidente da Minas Arena.